“Estresse bancário só acaba com virada monetária”, diz ex-diretor do BC
Para Tony Volpon, crise das financeiras é gerada pela alta de juros e demanda nova postura de bancos centrais
Episódios recentes de crises agudas em bancos ocorrem em meio a um cenário de taxas de juros elevadas no mundo. O grau de protagonismo do aperto monetário nesse cenário é objeto de debate entre economistas, mas se trata de um elemento indispensável para compreender a derrocada dos americanos Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank – que quebraram na última semana – e do suíço Credit Suisse – esse ainda de pé, mas mancando. Para o ex-diretor do Banco Central (BC) Tony Volpon, os juros altos são grandes condicionantes da crise, com sua redução sendo condição necessária para que os bancos voltem a ter tranquilidade. “O que une esses episódios são os efeitos da alta de juros sobre essas instituições, que foram induzidas a tomar risco de juros pela política monetária de poucos anos atrás e agora têm de encarar uma realidade muito diferente”, diz.
Se tratando de um problema ocasionado por um contracionismo econômico descabido na visão de Volpon, o movimento lógico por parte dos bancos centrais seria a interrupção ou até reversão da alta de juros. Entretanto, não há grandes sinalizações nesse sentido por parte dos reguladores, algo que o ex-integrande do BC classifica como estado de negação. “Historicamente, sempre passamos por esse primeiro momento em que as autoridades não querem reconhecer que é um problema sistêmico causado pela política monetária. Ficam tentando convencer o mercado que não é sistêmico. A primeira coisa para a crise acabar é as autoridades reconhecerem. Elas têm que ‘panicar’ e nós não estamos lá ainda”, diz.
Volpon não poupa instituições como o Federal Reserve (Fed) e o Banco Central Europeu (ECB) da responsabilidade: “O estresse continua até que haja uma virada de chave na política monetária”.
Também fazendo uma análise histórica, o economista reconhece de positivo que o momento é mais favorável que o da crise financeira de 2008, ao menos em alguns aspectos. Desde essa última grande crise, que ainda assombra parte do mercado, o sistema bancário foi aperfeiçoado, aponta, mas não se tornou invulnerável. “As franjas mais fracas sofrem. É isso que está acontecendo. Começa pelas franjas e, se a política econômica – nesse caso a monetária – não reagir, a coisa vai se alastrando”, conclui.
Com a próxima reunião do Fed marcada para a próxima semana, em que o banco decidirá sobre o futuro dos juros, Volpon não está otimista quanto à deliberação da autoridade monetária. Sua defesa de um corte nos juros contrasta com a expectativa, inclusive do mercado, por um pequeno aumento. Na quarta-feira, também há decisão de juros no Brasil. Aqui, o ciclo de alta se iniciou em março de 2021 e fez a taxa chegar a 13,75% ao ano, patamar em que se encontra hoje.
A reação de Lula ao ser aconselhado a decretar intervenção na segurança do Rio
A provocação de Lázaro Ramos após megaoperação no Rio
Paulo Betti causa divergências ao falar sobre megaoperação no Rio
Quem são os chefões do Comando Vermelho mortos na megaoperação do Rio
Combate ao tráfico: Cláudio Castro se sai melhor que Lula, aponta pesquisa







