Em queda livre: Dólar fecha a R$ 4,84, menor valor desde março de 2020
Guerra russa e juros altos por aqui influenciam o movimento da moeda americana; No ano, cotação já despencou 13,41%
A desvalorização do dólar frente ao real, que caiu para abaixo de 5 reais na segunda-feira 21, marcou o primeiro enfraquecimento da moeda americana em nove meses no Brasil. O dólar segue pelo terceiro dia consecutivo sendo negociado em queda nesta semana, com a moeda a 4,84 reais, baixa de 1,35%. O patamar é o mais baixo desde março de 2020, quando fechou em 4,81 reais.
A moeda americana segue, há uma semana, no ritmo de baixas. No ano, já desvalorizou 13,41% frente ao real. A desvalorização está atrelada à alta dos preços das commodities, que estão beneficiando a balança comercial e as bolsas de valores de países emergentes – como o Brasil -, que usualmente são grandes exportadores de matérias-primas.
A guerra entre Rússia e Ucrânia tem deflagrado um estouro no preço das principais commodities, em especial, daquelas produtoras pelos países do leste europeu envolvidos no conflito, como o petróleo e os grãos. Nesta quarta-feira, 23, a cotação do petróleo Brent voltou a subir para 120 dólares, após encerrar cotado a 111,83 dólares no dia anterior, impulsionado pelo aumento do risco de oferta com a queda dos estoques de petróleo nos Estados Unidos.
Por aqui, a taxa de juros a 11,75% – um dos patamares mais altos do mundo – e o diferencial de juros em relação às demais economias tem contribuído para que os investidores passem a investir seus dólares dentro do país, gerando valorização do real frente ao dólar. No ano, a bolsa já acumula 84 bilhões de reais em investimentos estrangeiros. Em dois dias, entre a última sexta-feira e segunda-feira, um adicional de quase 10% desse total entrou na bolsa brasileira. “A grande questão é o quanto vai durar esse fluxo, porque a sensação é que são investimentos de curto prazo, e qualquer tremida conjuntural, seja com as eleições ou alguma piora na guerra, pode voltar a pressionar novamente a taxa de câmbio”, diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.