Em ano de pandemia, PIB brasileiro tem queda recorde de 4,1%
Com forte recuo no segundo semestre, país retomou mês a mês e desempenho foi melhor que o estimado por economistas e governo no início da crise
Há um ano, as primeiras confirmações de casos do novo coronavírus no Brasil tiveram como efeito preocupação generalizada sobre os efeitos do então desconhecido. Em outros países, onde a doença chegou primeiro, a primeira forma de prevenção o distanciamento social — ou seja, fechamento de algumas atividades e menos circulação de dinheiro. O cenário assustador trazia dúvidas sobre os efeitos da pandemia na economiado do Brasil, que vinha a passos lentos de recuperação após a crise interna de 2015 e 2016. Pois bem, o Produto Interno Bruto do Brasil recuou 4,1% em 2020. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, 3.
PIB do Brasil
É o maior recuo anual da série iniciada em 1996. Essa queda interrompeu o crescimento de três anos seguidos, de 2017 a 2019, quando o PIB acumulou alta de 4,6%. O PIB per capita alcançou R$ 35.172 no ano passado, recuo recorde de 4,8%. Recorde a parte, a queda mostra um impacto inferior do que era esperado no início da pandemia. O FMI, por exemplo, chegou a projetar um tombo de mais de 9% no PIB Brasileiro, mas ao fim do ano esperava recuo de 4,5%. O mercado brasileiro esperava queda de 4,37% na economia em 2020.
“Quando diversas atividades econômicas foram parcial ou totalmente paralisadas para controle da disseminação do vírus. Mesmo quando começou a flexibilização do distanciamento social, muitas pessoas permaneceram receosas de consumir, principalmente os serviços que podem provocar aglomeração”, analisa a coordenadora de Contas Nacionais, Rebeca Palis.
O efeito devastador do vírus, que colocou sistemas de saúde a beira do colapso total e ceifou milhares de vidas brasileiras, na economia mostrou seu principal impacto no primeiro semestre e, desde então, há um movimento de recuperação. Por ser desconhecido, governadores e prefeitos adotaram as medidas de distanciamento vista em outros locais do mundo. Sem lockdown, mas com atividades não essenciais fechadas, o setor de serviços, que representa 70% do PIB, sentiu o impacto e desencadeou quedas em toda a cadeia brasileira: indústria, investimentos, gastos das famílias, entre outros. O resultado na economia foi a queda de 9,7% do PIB, no segundo trimestre.
Conforme os meses foram passando, atividades voltaram a abrir. Na companhia de máscara, álcool em gel e termômetro, a injeção de dinheiro do auxílio emergencial. O programa do governo federal, que pagou cinco parcelas de 600 reais a trabalhadores informais e complemento de 300 reais até o fim do ano, injetou dinheiro na economia e aumentou o consumo das famílias. Nessa esteira, da retomada e dos benefícios engendrados, houve recuperação de 7,7% no terceiro trimestre e 3,2% no quarto.
Gastos Pós-pandemia
O grau da queda como um todo, apesar do resultado ser melhor que o estimado, mostra a importância de seguir o caminho de austeridade de gastos no pós-pandemia e foco na geração de empregos para que haja uma retomada sustentável, além, claro, de investir em uma vacinação ampla para que as atividades possam reabrir com segurança e voltar a girar a roda da economia a pleno vapor. No momento, o clima é de incerteza. Com a alta dos casos, percalços na vacinação e sobre como se dará a retomada da economia brasileira. A PEC Emergencial, contrapartida fiscal exigida para a volta do auxílio emergencial foi bastante desidratada, e ao invés de ser um gatilho para a retomada da agenda econômica, pode aumentar ainda mais o risco fiscal do país. Com o novo aumento de casos, um plano de ação para evitar colapso na saúde e na economia é necessário, mas o caminho de longo prazo não deve ser abandonado.
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