É preciso mudar forma de contratar, diz CEO que denunciou racismo
Executivo usou LinkedIn para denunciar caso de racismo sofrido por amigo negro em entrevista de emprego
Aos 62 anos, o presidente da Bayer do Brasil, Theo van der Loo, não esperava virar defensor da inclusão de negros no mercado de trabalho. Mas sua postagem no LinkedIn chamou atenção para o racismo no processo de seleção de funcionários de grandes corporações.
“A repercussão me assustou. Não queria estar nos jornais, não era essa minha intenção”, disse ele a VEJA sobre a postagem, que teve mais de 300 mil visualizações.
No post, ele conta que um conhecido seu, que é negro, “com uma excelente formação e currículo, foi fazer uma entrevista”. “Quando o entrevistador viu sua origem étnica disse à pessoa de RH que ele não sabia deste detalhe e que não entrevistava negros”, escreveu.
Van der Loo diz que nada vai mudar nas corporações se elas continuarem contratando como sempre contrataram. A mudança, na opinião dele, deve começar pelos gestores, pelos responsáveis pela contratação.
“Cabe aos próprios gestores terem consciência e exigirem que o RH apresente candidatos da diversidade”, afirmou.
Segundo ele, é preciso que os gestores questionem quando não houver nenhum afrodescendente entre os candidatos ao preenchimento das vagas das empresas. “O gestor tem o direito de comparar diversos perfis.”
O executivo conta que recebeu diversos relatos de outras pessoas dizendo que também foram vítimas de preconceito e racismo. “Com a mulher negra é ainda pior. Descendentes de índios que vieram para São Paulo também se sentem discriminados.”
Van der Loo afirma que as pessoas têm a falsa impressão de que não existe racismo porque vivem em seus próprios círculos sociais. “O problema não é só do negro. É um problema do negro, do branco, de toda a sociedade.”
O colega que sofreu racismo está desempregado há sete meses. O executivo diz entender por que ele não quis denunciar o racismo. “Se não tiver como provar, fica palavra contra palavra. É difícil provar.”
A Bayer tem um comitê de diversidade que estimula a contratação de mulheres, deficientes e grupos LGBT e étnicos – que inclui negros e indígenas.