Dólar sobe às vésperas da reunião do CMN sobre metas de inflação
Moeda valoriza ante o real devido a possíveis aumentos de juros nos EUA, enquanto o Brasil aguarda novas sinalizações na política monetária
O dólar registrou uma expressiva valorização em relação ao real nesta quarta-feira, 28. No encerramento do dia, a moeda americana apresentou um ganho de 0,74%, alcançando a cotação de 4,848 reais, a maior desde 13 de junho.
Durante o dia, o dólar chegou a 4,87 reais. O movimento de alta foi impulsionado, em parte, pelo fortalecimento da moeda dos Estados Unidos nos mercados globais, especialmente após o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, indicar que as taxas de juros tendem a aumentar.
O impulso na moeda aconteceu após um debate entre o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, e a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, durante o fórum anual do BCE em Sintra, Portugal. No evento, Powell indicou a possibilidade de mais duas elevações nas taxas de juros do Fed, fortalecendo ainda mais o dólar em relação a outras moedas.
Recentemente, a divulgação de indicadores econômicos nos Estados Unidos superou as projeções, apontando para uma perspectiva mais otimista para a economia do país, o que acaba fortalecendo a possibilidade de novos aumentos nos juros do país.
No Brasil, analistas atribuem a queda do real a um movimento de realização de lucros no mercado futuro de câmbio e na Bolsa, que provavelmente resultou em um fluxo de saída de investidores estrangeiros, quanto aos próximos eventos que podem ditar o direcionamento da política monetária do país, como a aguardada reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).
O real vinha prosperando em relação ao dólar devido aos juros elevados, o que acabou contribuindo para a queda do dólar para os níveis mais baixos registrados em mais de um ano nos últimos dias. O cenário de redução na taxa Selic a partir de agosto, agora mais provável devido à publicação da ata do Copom e do IPCA-15 de junho, é considerado benéfico para os ativos brasileiros, incluindo o real.
Especialistas destacam que, apesar do provável início de uma fase de relaxamento monetário, as taxas reais internas e a diferença de juros continuarão altas, o que ajudará a sustentar a moeda brasileira a curto prazo. Uma porção significativa do mercado acredita que, mesmo com o Banco Central possivelmente iniciando a redução da Selic em breve, os juros reais continuarão a atrair investimentos, especialmente em um ambiente de arrefecimento inflacionário.