Por Cristina Canas
São Paulo – O ciclo de alta do dólar, que durou quatro sessões e elevou a cotação ante o real da casa de R$ 1,91 para R$ 1,96 na quarta-feira, foi interrompido nesta quinta, em decorrência de um sentimento melhor dos investidores quanto às dificuldades gregas e espanholas. Internamente, o alívio europeu foi intensificado pela realização de lucros. No mercado à vista de balcão, o dólar encerrou o dia a R$ 1,947, com queda de 0,76%. A mínima foi de R$ 1,944 (-0,92%) e a máxima de R$ 1,969 (+0,36%). Na BM&F, o pronto acabou a sessão a R$ 1,946, com perda de 0,73%, na mínima. O dólar futuro para junho fechou em queda de 0,96%, a R$ 1,9620.
O consenso entre os analistas consultados pela Agência Estado é que, assim como a alta do dólar ante o real na véspera foi mais forte do que em relação a outras moedas, o recuo desta quinta-feira também se mostrou mais intenso. “O exterior comanda, mas como o mercado está especulativo, os movimentos são mais abruptos aqui”, descreveu um operador.
Na Grécia, a esperança agora é que seja criado um governo de coalizão e os acordos de austeridade que o país firmou para obter os financiamentos externos se mantenham. Nesta quinta-feira, foi liberada uma tranche de � 4,2 bilhões ao país mediterrâneo que, apesar desse desembolso ter ficado � 1 bilhão abaixo do programado inicialmente, agradou.
Na Espanha, a boa notícia veio do setor bancário com a repercussão da oficialização, na noite passada, de que o governo assumiu uma participação grande no Bankia SA, o quarto maior banco do país em valor de mercado. E devem sair mais medidas no sentido de salvaguardar a saúde do sistema financeiro do país.
A empolgação dos investidores nacionais do mercado de câmbio só não foi maior porque nos Estados Unidos o noticiário foi considerado morno. Na China, chamou a atenção a desaceleração na alta das importações. Em abril, as compras do país asiático no exterior subiram apenas 0,3% contra igual mês do ano passado, diante das expectativas de crescimento de 10%. Isso explicou, inclusive, a volatilidade registrada pelo dólar ante o real, no início do pregão.
Mesmo sem fazer preço, o mercado também escutou as palavras do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o dólar. Ele disse que a moeda norte-americana não é motivo de preocupação e que a alta da moeda estrangeira está ajudando a indústria brasileira, um dos setores que mais sofrem com os efeitos da crise internacional. “O ministro fez tudo para o dólar chegar onde está. Então, isso não é surpreendente”, disse um especialista.
Vale lembrar que, com a alta recente e acentuada da moeda norte-americana ante o real, o mercado começou a comentar a possibilidade de contaminação na inflação e alguns analistas chegaram a aventar a possibilidade de que o Banco Central tenha que vir a atuar no mercado para vender dólares.