Dólar sobe para R$ 5,12 sob a expectativa de que Fed adie corte de juros
Na semana passada, maioria dos investidores acreditavam na flexibilização da política monetária em junho; hoje, 72% creem na manutenção das taxas
O dólar comercial opera acima da barreira dos 5,10 reais nesta sexta-feira, 12. A moeda americana fechou o dia cotada a 5,12 reais, em alta de 0,6%, após ter chegado 5,14 reais no meio do dia.
Na comparação com o valor de fechamento da semana passada, a moeda americana registra alta de 1,3%. No ano, a moeda sobe 4,4%.
A escalada da moeda nesta sexta-feira reflete a visão dos investidores de que o ciclo de afrouxamento nas taxas de juros nos Estados Unidos demore mais que o esperado para chegar. De acordo com o FedWatch, pesquisa que ouve analistas sobre a probabilidade do corte ou manutenção dos juros pela autoridade monetária, 72,8% dos analistas acreditam que o BC americano mantenha as taxas na reunião de junho. Semana passada, menos da metade dos investidores (46,7%) acreditavam neste cenário. “Terminamos a semana passada acreditando que teríamos um cenário de três cortes de juros nos Estados Unidos até o fim do ano. Após a inflação ao consumidor, a estimativa caiu para dois cortes. E, agora, os mercados seguem diminuindo a aposta em cortes de juros e até mesmo passando a acreditar que não haverá cortes este ano”, avalia Rodrigo Marcatti, sócio fundador do escritório de agentes autônomos Veedha Investimentos.
Juros altos por mais tempo nos Estados Unidos significam fortalecimento no mercado de renda fixa por lá e, consequentemente queda de atratividade nos países emergentes, o que mexe com a cotação do dólar.”Os dados fortes de trabalho e inflação nos Estados Unidos, que levaram os rendimentos do título do Tesouro americano, as Treasuries de 10 anos, de volta às máximas. Isso fortalece a moeda americana”, afirma João Coutinho, diretor de risco da RJ Asset.
Os dados fortes da economia dos Estados Unidos — e o reflexo deles na política monetária — se juntam com indicadores de queda de dinamismo na China e com um cenário geopolítico complexo, com o aumento a preocupação de um confronto entre Irã e Israel.
“O aumento da tensão e das ameaças de que o Irã pode fazer um ataque a Israel leva a um movimento de “fly to safety” [busca por segurança] globalmente, com petróleo subindo, ouro em alta, ações em queda, principalmente fora dos Estados Unidos, e fluxo para Treasuries, títulos do tesouro da dívida americana. Tudo isso significa uma saída de dólares do Brasil e uma busca por proteção generalizada”, analisa Marcelo Audi, sócio fundador da Cardinal Partners.