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Cepal: Brasil cresce 1,7% em 2020 e América Latina, apenas 1,3%

Organismo afirma que região não aguenta mais ajustes fiscais e precisa retomar o crescimento econômico com distribuição de renda

Por Denise Chrispim Marin 12 dez 2019, 16h05

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) divulgou nesta quinta-feira, 12, sua projeção de crescimento de 1,7% para o Brasil em 2020, abaixo dos 2,24% pela última pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central com agentes econômicos. Ao manter sua estimativa anterior de expansão na América Latina e Caribe, de apenas 0,1% em 2019 e de 1,3% no ano que vem, a Cepal destacou sua convicção de que a região não suporta mais as políticas de ajuste fiscal e precisa estimular o crescimento e reduzir a desigualdade social.

Essas estimativas permitiram a constatação de que a região registra entre 2014 e 2020 a menor taxa de crescimento econômico das últimas sete décadas.

“A mensagem é que a região passa por um período longo de crescimento muito baixo, com demandas sociais represadas. Há capacidade ociosa no setores produtivos para recuperar a economia, gerar crescimento e cobrir essas exigências da população”, afirmou a VEJA o economista-chefe da Cepal, Daniel Titelman. “Isso não deve tirar dos governos sua preocupação com a dívida pública. Mas crescer é o requisito para lidar com o endividamento em médio prazo”, completou.

A recomendação se casa com a linha da política econômica adotada pelo novo presidente da Argentina, Alberto Fernández, cuja máxima será “crescer para depois pagar a dívida”. A Cepal manteve suas projeções de recessão neste e no próximo ano no país. A economia recuará 3,0% em 2019, nos cálculos da Cepal, e 1,3%, em 2020. Mas há perspetivas de que as taxas negativas diminuam se o novo governo conseguir rapidamente reestruturar a dívida pública.  Espera-se a conclusão das negociações em março.

Os protestos recentes no Chile, acalmados depois das medidas econômicas, sociais e políticas anunciadas pelo governo de Sebastián Piñera, mostraram que a forma de crescer também é um componente importante, avaliou Titelman. “Em uma sociedade com indicadores ruins de distribuição de renda e com rede de proteção social precária, os manifestantes deixaram claro que crescer não basta e que todo mundo tem de se beneficiar da expansão econômica.”

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Desde novembro, quando havia divulgado suas últimas projeções para a região, a Cepal reduziu substancialmente suas estimativas para a economia chilena. O país, que antes cresceria 1,8% neste ano, agora tem a perspectiva de expansão de apenas 0,8%. Para 2020, a Cepal reduziu sua estimativa de 2,3% para 1,0%. O impacto dos protestos continua a reverberar sobre a economia real e a capacidade de atração de investimentos do país.

No caso do Brasil, a Cepal até aumentou sua projeção para este ano, de 0,8% para 1,0%, depois dos sinais de recuperação econômica registrados no terceiro trimestre. A aprovação da Reforma da Previdência, do ponto de vista da Cepal, não foi determinante nessa revisão porque a comissão avalia esse requisito apenas por seu impacto na capacidade de o sistema continua a pagar as aposentadorias e pensões.

O crescimento de 1,7% projetado para 2020 reflete a política monetária mais expansiva adotada pelo Banco Central. Na noite de quarta-feira 11, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou uma nova redução de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic, agora em 4,5%, a mais baixa desde sua adoção, em março de 1999, quando era de 45% ao ano. Segundo Titelman, essa medida deverá repercutir positivamente no crédito imobiliário e no consumo.

Mas a Cepal se esquiva de apontar crescimento sustentável para o Brasil. “A expansão da atividade econômica por muitos anos  depende de uma mudança estrutural, capaz de garantir um aumento expressivo na produtividade dos setores produtivos”, lembrou o economista.

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Para a segunda maior economia da região, o México, a Cepal reduziu em 0,2 ponto a projeção para este ano, que passou para 0%, mas manteve sua estimativa de crescimento de apenas 1,3% em 2020. Segundo Titelman, o contexto internacional pesa muito mais neste país do que nos demais, dado o grau de integração da economia mexicana com os Estados Unidos, cuja atividade se desacelera. As ameaças de Washington de imposição de sanções comerciais ao México por causa da questão imigratória continuam a pesar e a postergar decisões de investimento no país. A decisão do governo de Andrés Manuel López Obrador de postergar a aprovação do orçamento e a redução no consumo interno também causaram impactos.

Duas surpresas estão nas projeções divulgadas nesta quinta-feira para a América do Sul. A Venezuela, com crescimento negativo de 25,5% neste ano, terá novo recuo em 2020, mas de “apenas” 14,0%. Titelman explicou que foram constatadas uma queda menor na produção de petróleo e também melhoria em setores não-petroleiros, como o comércio. Este último tem sido movido pelas trocas com dólares. “A situação da Venezuela, porém, continua extremamente complexa. O país vive em hiperinflação”, afirmou Titelman, lembrando que a taxa de inflação medida em setembro passado foi de 39.000% ao ano.

A segunda surpresa vem da Guiana, cuja economia crescerá 85,6% em 2020, graças ao início da exploração e comercialização de jazidas de petróleo descobertas nos últimos anos.

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