Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Carteiras de crédito de fintechs devem chegar a R$ 300 bi em 10 anos

Com algoritmos afiados para análise e olhar para rejeitados, empresas oferecem créditos para quem não tem banco e empresas sem balanço

Por Josette Goulart Atualizado em 15 dez 2020, 18h02 - Publicado em 12 dez 2020, 10h00

Há poucas semanas, a  empresa Biz Capital estava comemorando um recorde. Em exatos 1h58min, uma pequena empresa desconhecida qualquer entrou no site da fintech, fez seu cadastro, pediu seu crédito e recebeu o dinheiro na sua conta. Sim, é exatamente isso. Em menos de duas horas, a tal pequena empresa tomou um empréstimo, a juros de mercado, sem precisar ir até um agente bancário, apesar de uma análise de crédito apuradíssima feita com base nos dados sobre a empresa e seu dono. O mercado de fintechs de crédito está a pleno vapor pelo Brasil afora, esbanjando dos artifícios da tecnologia para melhorar análises de crédito e emprestar dinheiro para os esquecidos pelos grandes bancos. Esse mercado, que está iniciando no país, já foi posto a prova pela pandemia, que poderia levar a inadimplência a explodir e destruir suas carteiras.

Mas os algoritmos que ajudam a encontrar padrões de bons pagadores em meio a milhões de informações, desde o tempo gasto num site de crédito até o histórico das contas bancárias, mostraram que a tecnologia pode ajudar até nas mais imprevisíveis das tempestades.

A inadimplência cresceu, mas se mostrou administrável. As fintechs já voltaram a emprestar, ajudaram grandes bancos a dar crédito para pequenas empresas com os recursos garantidos pelo governo e agora se preparam para o open banking, que permite um supercompartilhamento de dados e que vai acirrar a concorrência das empresas financeiras tradicionais com os bancões. A ABFintechs, uma associação do setor, estima que nos próximos cinco a dez anos as fintechs terão uma carteira de 300 bilhões de reais no Brasil, na medida em que o crédito como um todo avançar.

 

Não foi por acaso que empresas como Nubank, Neon e C6 receberam 4,5 bilhões de reais de dinheiro de investidores neste ano. Uma das metas deles é fincar bandeira para valer no crédito. Não só o de cartão, mas o que financia capital de giro, compras de equipamentos, de produtos.

Fora deste mundo das big fintechs, existe um mercado efervescente que é financiado por fundos de crédito, chamados FDIC, que compram o crédito gerado pelas fintechs e ajudam, assim, a girar suas carteiras. Só o BNDES está com um programa para financiar 4 bilhões de reais por meio de FDICs no próximo ano. Há ainda aquelas que captam recursos para emprestar por meio de debêntures — títulos de dívidas — com garantia de carteiras de crédito.

Continua após a publicidade

A estimativa é que esses instrumentos já tenham movimentando no Brasil até no ano passado cerca de 16 bilhões de reais e atraem grandes nomes do mercado financeiro, como a gestora de recursos Franklin Templeton, dona de um fundo que só investe nesses papéis de fintechs, ou gestoras que preferem ativos de impacto social, de acordo com o conceito de ESG, como a Empírica Investimentos. O gestor do fundo da Franklin Templeton, Renato Pascon, diz que todos os dias 40 empresas de tecnologia são apresentadas a ele. Entre as fintechs, há coisas bem segmentadas como a SolFácil que financia a compra de painéis solares para as casas das pessoas. A empresa de crédito calcula as prestações com base na conta de luz de forma que a pessoa nem sinta a diferença. E, se não fizer o pagamento, um sistema corta a luz solar da casa. O resultado é uma inadimplência baixíssima. Outro exemplo de fintech de crédito é a Provi, que financia quem quer fazer um curso de programação e só cobra as parcelas depois que o aluno começar a trabalhar. Ela também tem programas para colocação profissional. Há também a Rebel, que analisa crédito por 2 mil fatores.

Esse mercado fervilha porque existem 150 milhões de pessoas que não conseguem ter acesso a crédito.  “Quem vai mudar isso é o movimento das fintechs, com a capacidade de atingir o Brasil todo só com a internet e sem exigir a abertura de conta no banco”, diz CEO da Empirica, Leonardo Calixto. Em suma, esse é o novo caderninho do fiado. E o modelo de negócios do caderninho de fiado todo mundo entende. Se não pagar, não vai mais ter crédito.

A Empírica administra hoje 3 bilhões de reais em FDICs. Recentemente lançou um fundo com a Vox Capital, uma empresa que se dedica a investir em negócios de impacto. Um dos investimentos que mais as agradam é o o CredPopular, que ainda não se encaixa na nomenclatura fintech porque só agora está investindo em tecnologia, mas que está angariando a expertise das ruas para fazer microcrédito sem deter um grande banco por trás. Ele possui 2 mil clientes, a maioria da região do Brás, reduto comercial em São Paulo. Cerca de 30% deles são bolivianos. Eles costumam pagam tudo em dia, com medo de ficar com o nome sujo e serem mandados de volta para a Bolívia. A região é dominada pelos comerciantes de roupas. Isso significa que, quando chegou a pandemia, não é que a inadimplência simplesmente cresceu: ela atingiu 100% da carteira, como conta Edilson Parra, um dos donos da CredPopular. A saída foi renegociar aqui e ali, dando um prazo maior de pagamento. Ainda 20% da carteira registra problemas. Mas os endividados seguem pagando.

Continua após a publicidade

O segredo está em entender bem o seu modelo de negócios. As fintechs perceberam justamente que muitos nichos de mercado são deixados de lado pelos grandes bancos, apesar de trazerem um alto potencial de serem bons pagadores. É o caso da fintech A55, que empresta capital de giro para startups. Não importa que a empresa não tenha balanço, o que importa é ter faturamento e permitir que a A55 tenha acesso a sua conta concorrente — em modo apenas de visualização, como reforça o fundador Renan Schaeffer. Os robôs  da A55 trabalham com essas informações e conseguem saber se a startup é uma boa pagadora.

Para quem vive de ganhar dinheiro com o rendimento dessas carteiras, como é o caso dos fundos da Empirica, esse movimento não tem volta. Calixto diz que a cada dia surge um novo nome de fintech que já bate na porta com uma carteira de 50 milhões, 100 milhões de reais. “Há cinco anos a grande maioria delas nem existia”. Conhece bem essa história a BizCapital, uma iniciante que já emprestou dinheiro para pequenas empresas em mais de 1.350 municípios espalhados pelo país.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.