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Recorde de abertura de capital na bolsa mostra maturidade do mercado

As empresas brasileiras cravaram uma marca notável ao registrar mais de R$ 110 bilhões em capitalização, ótima notícia para os negócios e os investidores

Por Felipe Mendes, Diego Gimenes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 dez 2020, 09h33 - Publicado em 11 dez 2020, 06h00

A cerimônia de abertura de capital na bolsa de valores costuma ser um dos momentos mais grandiosos na trajetória das companhias. É quando, para ganhar a confiança dos investidores em ações, elas contam suas histórias: quem são, de onde vêm e o que pretendem conquistar no futuro, quando passarem a dividir a sociedade com milhares de outras pessoas. Em 2020, a despeito do novo coronavírus e das incertezas econômicas, o mercado de capitais decolou no país. O número de pessoas físicas inscritas na B3, a bolsa de valores de São Paulo, atingiu 3,2 milhões em novembro. O movimento se deu graças à redução da taxa básica de juros, a Selic, para o menor nível da série histórica. Com a perda de atratividade dos mais seguros investimentos em renda fixa, a aposta em ações ganhou força.

Com a maturidade do mercado de capitais brasileiro, a entrada maciça não foi só de investidores. Desde janeiro, 26 companhias realizaram oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Houve ainda 23 ofertas subsequentes de ações (follow-­on, em inglês), quando as empresas aumentam a porcentagem de papéis negociados. Todas essas transações levantaram mais de 110 bilhões de reais em emissões na B3. Até então, o único ano que havia superado a marca dos 100 bilhões de reais foi 2010, quando a Petrobras, no auge do frenesi da exploração da camada do pré-­sal, fez uma megacapitalização de 120 bilhões de reais — e todas as demais empresas somadas levantaram 30 bilhões de reais. Isso significa que, a estratégia de buscar recursos na bolsa tornou-se uma opção sólida. A maior operação do ano aconteceu nesta semana, com a chegada do grupo de hospitais e negócios de saúde Rede D’Or ao mercado de capitais. Com uma captação de 11,5 bilhões de reais, cravou o segundo maior IPO da história, atrás apenas do feito pelo banco Santander Brasil, em 2009.

Assim como a Rede D’Or, muitas empresas perceberam o momento como oportuno para levantar capital sem recorrer a bancos públicos ou privados. Em alguns casos, o objetivo era passar pela pandemia sem apertos, em outros era adquirir concorrentes ou investir em tecnologia. Em tempos de Covid-19, buscar dinheiro para desenvolver tecnologia própria foi primordial. Uma das maiores captações do ano foi protagonizada pela Lojas Americanas, que levantou quase 8 bilhões de reais em uma oferta de follow-on, com boa parte dos recursos sendo direcionada para o desenvolvimento de sua plataforma AME Digital. A Neogrid, empresa de software que fará seu IPO até o fim do ano, promete utilizar 80% dos quase 600 milhões de reais que planeja levantar para comprar outras empresas. “Os juros caíram e o mercado de ações se abriu como uma opção de capitalização”, explica José Eduardo Laloni, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Com isso, aumentou consideravelmente a quantidade de recursos provenientes do mercado de capitais no conjunto de financiamentos das empresas. Enquanto em 2016 apenas 8% vinham de operações na bolsa, atualmente 17% têm essa origem.

Tamanha evolução do mercado de capitais é uma ótima notícia para quem investe em ações — ou planeja investir em um futuro próximo. Em 2020, a B3 recebeu não apenas novas empresas, mas principalmente novos modelos de negócio. É o caso da Petz, varejista de produtos para animais, da Track & Field e da Centauro, redes de lojas de artigos esportivos, e da Locaweb, empresa de hospedagem de sites e computação em nuvem. São companhias que despertam o interesse do novo perfil de investidor, mais atento à inovação, uma vez que todas deverão usar os recursos levantados em projetos de expansão digital. “Vamos assistir a um considerável aumento nos setores da economia representados na bolsa. Ainda há espaço, por exemplo, para empresas de logística e do agronegócio, segmentos de muito sucesso na economia mas que estão sub-representados na B3”, diz Laloni.

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Mesmo com toda essa pujança, nem todas as empresas que planejaram chegar à bolsa em 2020 conseguiram. Dezenove companhias que já tinham o IPO engatilhado abortaram a operação, por motivos que variaram das instabilidades provocadas pela pandemia ao excesso de concorrentes no mercado de capitais. A incorporadora imobiliária You, Inc. foi uma das que desistiram do IPO, em agosto. “Entraram muitas empresas do nosso ramo de atividade na bolsa. Decidimos, então, declinar e voltar numa outra oportunidade”, explica Tatiana Muszkat, diretora institucional da companhia. Atualmente, quarenta candidatas aguardam a abertura de capital na B3. Só entre as empresas de móveis e decoração, brigam pela atenção do mercado a Mobly, a Tok&Stok e a West­wing. Para o investidor, é importante analisar se as ações a ser ofertadas têm condições de se manter atraentes no longo prazo. Um regra simples em que ganham o investidor, a empresa e a economia.

Publicado em VEJA de 16 de dezembro de 2020, edição nº 2717

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