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“Campos Neto será o fiel da balança”, avalia ex-diretor do BC sobre juros

Ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tony Volpon acredita que Campos Neto apoiará corte de 0,50 ponto percentual na Selic

Por Pedro Gil Atualizado em 1 ago 2023, 13h18 - Publicado em 1 ago 2023, 08h02

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne a partir desta terça-feira, 1º de agosto, para decidir os rumos da taxa básica de juros da economia brasileira. As atenções do mercado financeiro estão voltadas para a reunião do Banco Central (BC), que acontece na quarta-feira 2, mas não há consenso quanto ao ritmo que a autoridade monetária vai adotar neste início de ciclo de descompressão da Selic, atualmente em 13,75% ao ano.

A ata da última reunião, em junho, indicou que o BC iniciaria o processo de corte em 0,25 ponto percentual, mas desde então as condições para acelerar o ritmo para 0,50 ponto percentual se acumularam. A “prévia” do produto interno bruto (PIB), o IBC-Br, mediu uma queda de 2% da atividade econômica em maio e o índice de preços ao consumidor amplo 15 (IPCA-15) registrou deflação de 0,07% em julho. Além disso, a agência de classificação de risco Fitch Rating elevou de “BB-” para “BB” a nota de crédito do Brasil. A classificação, chamada de rating soberano, indica qual o risco de o país dar um calote. Essa certificação dá segurança para os investidores aplicarem recursos por aqui. “Vários acontecimentos estão levantando o mercado a apostar mais na probabilidade de 0,50 ponto percentual”, afirma Tony Volpon, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central.

Em entrevista a VEJA, o economista acredita que o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, apoiará uma queda um pouco mais forte do que a indicada anteriormente pelo Copom em ata e que há “muito aperto no sistema para ser retirado”.

O Banco Central indicou na ata da última reunião um início “parcimonioso” de corte na Selic, mas desde então as condições para um corte mais forte se acumularam. Qual sua expectativa para o Copom? Na ata da última reunião teve um debate sobre indicar ou não o início da queda de juros. Não foi consenso e isso não foi colocado no comunicado, o que foi um pouco estranho. O que eles colocaram foi o termo “parcimônia”, indicando provavelmente um início de corte agora em 0,25 ponto percentual, mas de lá para cá tivemos algumas boas notícias na inflação, o IPCA-15 veio melhor que o esperado, IBC-Br mais fraco que o esperado e uma valorização forte do real. Vários acontecimentos que estão levantando o mercado apostar mais na probabilidade de 0,50 ponto percentual. A única certeza é que será um Copom bem dividido. Vamos ter um grupo falando em 0,50 ponto percentual, outro em 0,25 ponto percentual e até manter inalterada a Selic, indicando corte na reunião seguinte. Tem um argumento para não fazer nada. De qualquer forma, o fiel da balança será o Campos Neto, que terá que decidir qual ala irá apoiar.

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Qual será a posição do Campos Neto? Ele não tem se pronunciado muito. Eu tendo a acreditar que ele vai apoiar a ala mais dovish, com corte de 0,50 ponto percentual, mas não será uma decisão unânime. É muito difícil prever o que uma pessoa vai decidir. Tem argumento para os dois lados. Campos Neto não tem uma política monetária bem definida, de tal maneira que a gente não pode prever o que ele vai fazer.

Quando começaremos a ver na economia os efeitos do corte na taxa de juros? A curva de juros já precifica um ciclo de cortes. O efeito sobre precificação de mercado já ocorreu. Obviamente dependendo do comunicado essa expectativa pode subir ou cair, mas a razão pela qual o Copom deveria começar a cortar os juros, mesmo em 0,50 ponto percentual, e continuar cortando nesse nível, é que vamos ter uma taxa de juros acima do patamar neutro, que eu julgo em 9%, por muito tempo.

O mandato de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central termina no final de 2024 e Gabriel Galípolo surge como opção mais provável de suceder-lhe. Qual a expectativa para a presidência de um nome mais alinhado ao governo? Eu acho que o Banco Central vai trabalhar com a inflação na faixa superior da meta (3,5% ao ano). Até chegarmos na taxa neutra vai demorar bastante, então vamos ver o impulso mais forte para atividade econômica no final do ano que vem. Tem muito aperto no sistema para ser retirado. Não tem razão para não começar agora, se não vamos começar a ver exageros.

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