SÃO PAULO, 25 Jun (Reuters) – O dólar registrava alta frente ao real na sessão desta segunda-feira, com investidores menos otimistas de que a cúpula da União Europeia (UE) desta semana irá produzir medidas significativas para combater a crise da dívida da zona do euro.
Analistas destacavam, no entanto, que os ganhos da divisa norte-americana eram limitados por expectativas de intervenção do Banco Central no mercado de câmbio.
Às 11h56, a moeda norte-americana avançava 0,25 por cento, para 2,0699 reais, depois de atingir 2,0790 reais na máxima da sessão e 2,0667 reais, na mínima. Em relação a uma cesta de moedas, o dólar ganhava 0,32 por cento.
O porta-voz do governo alemão Steffen Seibert, disse que a União Europeia não deve tomar nenhuma decisão sobre a Grécia na cúpula desta semana, diminuindo as esperanças de Atenas de que o bloco pode aliviar os termos do resgate.
Declarações da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, também feriram o sentimento do investidor, uma vez que a líder da maior economia da zona do euro destacou mais uma vez sua oposição à dívida compartilhada entre os países do bloco monetário, dizendo estar preocupada que haja um foco excessivo sobre isso na cúpula desta semana.
“Essa alta do dólar frente ao real ainda nem deu o ar da graça. As bolsas estão caindo bem e o euro também está mostrando uma queda significativa, e a nossa moeda não está refletindo isso porque há expectativa de que o BC irá entrar”, afirmou o especialista em câmbio da Icap Corretora, Italo dos Santos.
Ele acredita que o dólar poderá ampliar os ganhos no decorrer desta sessão caso a autoridade monetária não anuncie um leilão de swap cambial tradicional -operação que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. A última vez que o BC inteveio no mercado, por meio de swap, foi em 11 de junho.
“O BC costuma entrar até por volta das 13h. Se passar desse horário e ele não anunciar nada, o dólar deve caminhar para os 2,08 e até mesmo para 2,09 reais”, disse o gerente.
O operador de câmbio da Interbolsa do Brasil, Ovidio Soares, acredita, por sua vez, que a possibilidade de atuação do BC aumenta com o dólar próximo de 2,10 reais, mas que o governo também poderá anunciar nos próximos dias outras medidas via decreto, como fez no dia 14 de junho.
No dia 14, o governo alterou o prazo de incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6 por cento sobre empréstimos externos para até dois anos. O prazo anterior era de até cinco anos.
Segundo uma fonte da equipe econômica afirmou à Reuters no mesmo dia, o governo estuda novas medidas para melhorar o fluxo de recursos externos e diminuir a volatilidade no câmbio. Entre as opções estão a redução da alíquota do IOF na posição líquida vendida em derivativos cambiais e nos investimentos estrangeiros em renda fixa.(Reportagem de Natália Cacioli; Edição de Danielle Fonseca)