SÃO PAULO, 10 Fev (Reuters) – O dólar operava em alta ante o real nesta sexta-feira, após registrar valorização na sessão anterior, com os mercados internacionais apreensivos sobre as novas condições impostas à Grécia para que possa receber o segundo pacote de resgate e evitar um calote desordenado.
Às 10h53 (horário de Brasília), o dólarera negociado a 1,7250 real para venda, em alta de 0,22 por cento.
Na quinta-feira, os líderes da Grécia chegaram a um acordo sobre reformas e medidas de austeridade, mas ministros das Finanças da zona do euro disseram que Atenas precisa implementar mais cortes para convencê-los a liberar a ajuda financeira. Além disso, trabalhadores gregos também entraram em greve contra as medidas de austeridade.
“O dólar está refletindo o que está acontecendo lá fora”, afirmou o economista-chefe da BGC Liquidez, Alfredo Barbutti. Para ele, no entanto, a alta do dólar hoje é pontual devido a um movimento de realização de lucros no exterior e que a tendência da moeda continua sendo de baixa.
“Essa realização poderia ter acontecido ontem, mas com o anúncio de injeção de liquidez do Banco da Inglaterra impediu esse movimento”, explicou.
O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) informou na quinta-feira que decidiu injetar mais 50 bilhões de libras no sistema financeiro, como parte de seus esforços para estimular a frágil recuperação da economia, que continua em risco de voltar à recessão.
A injeção de dinheiro nos sistemas financeiros atraem investimentos para o Brasil por, entre outros, ter uma das taxas básicas de juros mais elevadas do mundo, hoje a 10,50 por cento ao ano. Isso puxa a cotação do dólar para baixo. “Há uma forte entrada de recursos no Brasil e não há o mínimo indício de que isso irá mudar”, afirmou Barbutti.
O Brasil registrou em janeiro o maior superávit cambial em quatro meses, de acordo com dados do Banco Central, que apontaram também continuidade nos ingressos de recursos no início de fevereiro.
Dessa forma, o BC deve continuar intervindo no mercado de câmbio, segundo o economista. Para ele, a autoridade monetária é a única “defesa” para a forte entrada de recursos no país. “O que vai definir a entrada dele (BC) não é o nível da moeda, mas sim o fluxo”, referindo-se ao piso informal do dólar a 1,70 real, um consenso do mercado.
Desde o final da semana passada, o BC já realizou leilões de compra de dólares à vista e a termo.
Em relação a uma cesta de moedas, o dólar subia 0,56 por cento, enquanto o euro registrava queda 0,65 por cento, cotado a 1,3195 dólar. Nas bolsas de valores, o índice das principais ações europeias FTSEurofirst 300 recuava quase 1 por cento e os índices futuros norte-americanos apontavam para uma abertura no vermelho em Nova York.(Por Natália Cacioli; Edição de Patrícia Duarte)