SÃO PAULO, 28 Mai (Reuters) – O dólar seguia o movimento da última sessão e caía cerca de 1 por cento ante o real nesta segunda-feira, em meio à melhora do sentimento nos mercados internacionais e da cautela diante da sombra das últimas atuações do Banco Central. O volume, no entanto, era baixo por conta de feriados no exterior.
Às 11h35 (horário de Brasília), a moeda norte-americanarecuava 0,76 por cento, a 1,9794 real, depois de ter atingido 1,9715 real na mínima do dia. Em relação a uma cesta de moedas, o dólar caía 0,2 por cento.
“O mercado lá fora está mais tranquilo por causa das pesquisas na Grécia, e como há uma liquidez mais baixa no mercado por causa do feriado nos Estados Unidos, abre espaço para um ajuste (no câmbio)”, disse o economista sênior do BES Investimento Flavio Serrano.
O partido conservador da Grécia Nova Democracia recuperou a liderança nas pesquisas de opinião, o que permitiria a formação de um governo pró-resgate comprometido em manter o país na zona do euro, segundo novas pesquisas divulgadas no sábado.
O operador de câmbio da Interbolsa do Brasil Ovidio Soares destacou ainda que os operadores seguiam cautelosos ao assumir posições por causa da sombra do BC no câmbio. “O mercado sabe que se o dólar subir, o BC pode entrar”, disse.
Segundo Serrano, do BES Investimento, a desvalorização do dólar nesta sessão é uma continuidade do movimento de sexta-feira, uma vez que a divisa caiu mais de 1 por cento e fechou abaixo de 2 reais depois que o Banco Central interveio no mercado de forma agressiva.
“A moeda está se ajustando depois que o BC entrou mais forte na última semana”, disse Serrano.
A última semana foi marcada por forte volatilidade no câmbio, com o dólar fechando com variação positiva ou negativa superior a 1 por cento em quatro de cinco sessões. Para o economista, essa volatilidade acompanhou o nervosismo nos mercados internacionais, mas as atuações do BC contribuíram para deixar o mercado estressado.
No entanto, ele acredita que a moeda deverá se estabilizar nos próximos dias caso o noticiário internacional seja mais positivo, mantendo-se entre 1,90 real e 2 reais.
“O governo quer o real um pouco mais desvalorizado para incentivar a indústria, mas por outro lado não quer um patamar muito elevado porque isso pode afetar a inflação. E o nível de 2,10 reais era preocupante”, disse o economista para justificar a banda.(Reportagem de Natália Cacioli; Edição de Camila Moreira)