A Unipar, controladora da Quattor, anunciou nesta sexta-feira a conclusão do acordo para a venda de sua participação na petroquímica, correspondente a 60% do capital total e votante da empresa, à Braskem. A operação, negociada com Odebrecht (controladora da Braskem), Odebrecht Serviços e Participações, Petrobras, Petrobras Química e Braskem, movimentará R$ 870 milhões, valor no qual estão inclusas também a participação da Unipar na Polibutenos e Unipar Comercial.
A maior parte do valor, de R$ 647,3 milhões, corresponde ao montante a ser pago pela participação acionária da Unipar na Quattor. O negócio também inclui R$ 170 milhões correspondentes ao valor líquido atribuído pela Unipar de suas obrigações no âmbito da opção de venda de ações da Quattor, outorgada pela Unipar ao BNDESPar, quando da constituição da Quattor em 2008, que serão assumidas pela Braskem. A participação de 33,33% do capital votante e total da Polibutenos foi negociada por R$ 25 milhões, enquanto a fatia de 100% da Unipar na Unipar Comercial foi estimada em R$ 27,7 milhões.
Consolidação – A oficialização do acordo conclui o processo de consolidação do setor petroquímico brasileiro e cria uma empresa hegemônica no fornecimento de polietileno e polipropileno no mercado brasileiro, sendo a 11ª maior petroquímica do mundo e a 10ª maior empresa brasileira. Ao assumir o controle dos polos petroquímicos instalados no Rio de Janeiro e no ABC paulista, a Braskem se torna a empresa responsável por fornecer aproximadamente 90% das resinas utilizadas domesticamente para a produção de itens plásticos, segmento que vai desde as sacolas utilizadas em supermercados até brinquedos e eletroeletrônicos.
A empresa, que está sendo chamada de Nova Braskem e cujo controle continuará a ser da Odebrecht, com aproximadamente 50% do capital votante, será a 11ª maior petroquímica do mundo, em produção de eteno. Levantamento da consultoria especializada no setor químico MaxiQuim aponta que a capacidade de produção conjunta de Braskem e Quattor é próxima de 4 milhões de toneladas anuais, o que coloca a nova companhia próxima à norte-americana Chevron Phillips e à chinesa Sinopec, que produziam pouco mais de 4 milhões de toneladas com base em dados de 2008.
A capacidade de produção de polietileno e polipropileno, mercado no qual a companhia é hegemônica em território nacional, supera 4,5 milhões de toneladas, o equivalente a 3,6% da produção mundial dessas resinas. A Braskem ainda é líder na produção de PVC, mercado no qual concorre localmente com a Solvay Indupa – a Quattor não possuía produção de PVC. A operação também eleva a Braskem à condição de uma das dez maiores empresas do Brasil em faturamento. De acordo com levantamento da consultoria Economática, a Braskem, hoje na 12ª posição do ranking, ultrapassaria a Telesp e a Vivo e assumiria a 10ª posição, com receita líquida de R$ 12,1 bilhões entre janeiro e setembro de 2009.
Esse resultado, no entanto, considera apenas a receita da Quattor Petroquímica no período, que foi de R$ 1,09 bilhão. Com a incorporação de toda a Quattor, cujo faturamento no intervalo foi de R$ 3,24 bilhões, segundo a controladora Unipar, a receita da nova empresa no período teria superado R$ 14 bilhões, o que aproxima ainda mais a nova Braskem do Pão de Açúcar, nono no ranking, com receita líquida de R$ 15,8 bilhões no intervalo – o levantamento divulgado pela Economática não considera a operação entre Pão de Açúcar e Casas Bahia, anunciada em dezembro passado.
O negócio, em contrapartida, abre espaço para que o governo ceda em alguns pontos considerados fundamentais ao setor petroquímico. É o caso da possível assinatura de um acordo comercial entre Mercosul e Oriente Médio, o que abriria o mercado nacional para os grupos instalados em países como Arábia Saudita, Kuwait e Qatar, ou a redução da tarifa de importação de resinas termoplásticas, hoje em 14%.
(Com Agência Estado)