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BC sobe juros pela décima vez consecutiva e Selic chega em 12,75% ao ano

Para conter inflação no país, autarquia sobe taxa de juros em 1 ponto percentual; é o maior patamar desde janeiro de 2017

Por Felipe Mendes Atualizado em 4 Maio 2022, 21h23 - Publicado em 4 Maio 2022, 19h17

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, em reunião nesta quarta-feira, 4, elevar a taxa básica de juros, a Selic, pela décima vez consecutiva. Com o avanço de um ponto percentual, o indicador passa, agora, a vigorar na faixa de 12,75% ao ano, o maior patamar desde janeiro de 2017. O aperto monetário já era previsto pelo mercado financeiro e marca a tentativa da autarquia de conter os impactos da inflação na economia brasileira.

No anúncio ao mercado, o comitê prevê que o ciclo de aperto monetário continue se estendendo “significativamente”. “O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista. O comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz trecho do relatório divulgado nesta quarta-feira. Entretanto, há indicação de que os próximos avanços sejam em menor magnitude, dada a conjuntura atual, de incerteza fiscal e baixo dinamismo da economia. O ciclo de alta da Selic começou em março do ano passado, após a taxa atingir a mínima histórica de 2% ao ano.

A escalada dos juros é a resposta do Banco Central à inflação alta e persistente, que segue acima dos dois dígitos, o que surpreendeu até mesmo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com a forte alta em março. O indicador tem ganhado novos componentes este ano por conta de fatores externos outrora não imaginados, como a guerra entre Ucrânia e Rússia e o recrudescimento da pandemia de Covid-19 na China, o que forçou uma paralisia na produção do país asiático. Fora isso, a inflação também é fruto dos gargalos logísticos herdados do período de isolamento social mundo afora.

“Acho que houve um erro de leitura, por parte do Banco Central, de imaginar que bastava que ele reduzisse o estímulo monetário para que a inflação caísse. Até ele se convencer de que seria preciso, de fato, fazer um aperto monetário, elevando a taxa de juros além do nível neutro, demorou. Foi uma visão, analisando em retrospecto, equivocada sobre a natureza do processo inflacionário. Ele [o Banco Central] via a inflação como um efeito transitório, mas se viu que seria muito mais persistente e difundida do que se imaginava”, afirma Alexandre Schwartsman, ex-diretor de assuntos internacionais do autarquia.

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Com alta de 7,51%, a gasolina foi a principal responsável pela inflação na prévia de abril. Houve altas acentuadas também de outros combustíveis, como diesel, etanol e gás veicular, o que levou os transportes a subirem 3,43% na prévia do mês. Além disso, o avanço também se dá sobre itens que compõem a cesta de alimentos e bebidas, que subiram 2,25% em igual período. No fim de março, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, avaliou que a inflação brasileira deveria atingir seu pico no mês de abril, e começar a desacelerar nos meses seguintes. O mercado financeiro, no entanto, começa a demonstrar ceticismo quanto a isso.

“Existem pressões vindas de diversas commodities, sobretudo dos combustíveis. A gente ainda pode ter surpresas desagradáveis nesses indicadores. Mas não dá para negar que houve um aperto monetário considerável agora. Isso deve fazer com que a inflação caia, mas num ritmo muito menor do que se esperava. As projeções mais atualizadas estão apontando para uma inflação em torno de 7,5%, de 8% este ano, senão um pouco acima”, diz Schwartsman. “Menor do que a do ano passado, mas ainda assim muito pressionada. No começo do ano, as projeções indicavam para algo em torno de 5%. A gente ainda vai ver a inflação em doze meses na casa dos dois dígitos ao longo de todo o primeiro semestre. Ela deve cair para um pouco abaixo da faixa dos dois dígitos na segunda metade do ano.”

Para o ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o comunicado divulgado pelo Copom denota cuidado da autarquia com a inflação em nível global. “O Banco Central assim como o Federal Reserve salientaram em seus comunicados que a guerra na Ucrânia traz novas incógnitas que não devem mudar a trajetória planejada pelos bancos, mas exigem monitoramento, mesmo na adiantada fase do ciclo de alta de juros no Brasil”, afirma Levy, atual diretor de estratégia econômica e relações com mercados do Banco Safra.

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