BC diz que não forçará bancos públicos a reduzir juros
Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirma que a instituição 'não vai cometer erros do passado'
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que o governo não vai pressionar bancos públicos para reduzir os juros, como feito em gestões anteriores. “Nós não vamos cometer os mesmos erros do passado, mas eles vão participar numa solução conjunta, numa ideia de oferecer ações, para reduzir o custo do crédito de maneira sustentável”, afirmou em entrevista coletiva dada nesta terça-feira para anunciar agenda de medidas a serem tomadas pela instituição.
Na apresentação, o chefe da autoridade monetária evitou detalhar ações e anunciar prazos, argumentando que o objetivo era compartilhar as propostas do BC com a sociedade. As medidas, muitas delas já anunciadas pela equipe econômica na semana passada ou anteriormente, se baseiam em quatro pilares: aumento da cidadania financeira, modernização da legislação, maior eficiência do Sistema Financeiro Nacional e redução do custo de crédito.
Em relação ao custo de crédito, o presidente do BC defendeu que é preciso fazer reformas estruturais de longo prazo, para que taxas como as cobradas no cartão de crédito e cheque especial caiam e não voltem a subir. “Todos nós queremos a redução dos juros”, disse.
A expectativa é que medidas que reduzem o custo do sistema financeiro, como a proposta de simplificar alíquotas do depósito compulsório, e que aumentam a garantia, como um sistema de duplicatas eletrônico já anunciado na semana passada, comecem a surtir efeito para o consumidor final em 2017, com redução de custos mais acentuada em 2018.
Ilan sinalizou que entre as primeiras medidas a serem postas em debate, via medida provisória, está a permissão de cobrar preços diferentes de acordo com o meio de pagamento usado. E a obrigatoriedade de máquinas de cartão de aceitarem cartões de todas as bandeiras acontecerá no primeiro trimestre.“Até 24 de março de 2017 essa medida estará implementada”, disse sobre as maquininhas.
Sobre a redução do prazo com que os operadores de cartão repassam dinheiro das compras aos lojistas, o presidente do BC afirmou que o governo ainda estuda se será melhor fazer com que o prazo, que é atualmente de cerca de 30 dias, seja menor – o que poderia aumentar os juros – ou fazer com que as taxas cobradas pelo serviço caiam.