Banco do Brasil rejeitou carteiras do Panamericano
Reputação do banco na época da crise já não era das melhores, apontam executivos
Um ano antes de a Caixa Econômica Federal tornar-se sócia do Panamericano, o Banco do Brasil rejeitou a maior parte das carteiras de crédito oferecidas pelo banco que, então, pertencia a Silvio Santos. As negociações ocorreram entre outubro e novembro de 2008, auge da crise global. Naquele momento, bancos de pequeno e médio porte, como o Panamericano, bateram às portas dos grandes, como o BB, para vender essas carteiras e colocar dinheiro em caixa.
As informações são de executivos que participaram das negociações. Segundo esses profissionais, a qualidade das carteiras do Panamericano era sofrível. Havia, entre outros, problemas na chamada originação dos créditos. Um exemplo eram os financiamentos a motos de baixa cilindrada, área em que a inadimplência costuma ser elevada.
Além disso, observou um executivo, a reputação do Panamericano no mercado já não era das melhores. A avaliação era de que o banco não tinha foco, emprestava mal e, consequentemente, apresentava resultados fracos comparado à concorrência.
A atitude defensiva do BB – que comprou parte mínima do que lhe foi oferecido – lança mais dúvidas sobre o negócio feito pela Caixa um ano depois. Em novembro de 2009, a instituição controlada pelo governo pagou 740 milhões de reais para ficar com 49% do banco de Silvio Santos.
O BB não informa os valores das carteiras que o Panamericano quis vender, nem quanto adquiriu. Procurado, o Ministério da Fazenda não respondeu. Como a União é a acionista majoritária do BB, a Fazenda costuma indicar o presidente do conselho de administração do banco. A Caixa informou que está em período de silêncio porque o Panamericano publicará balanço.
Na noite de ontem o Panamericano informou que teve lucro líquido consolidado de 2,84 milhões de reais no terceiro trimestre deste ano, depois de um prejuízo de 25,54 milhões de reais no segundo trimestre. O resultado operacional do terceiro trimestre foi negativo em 279,458 milhões de reais, após 104,240 milhões de reais negativos no segundo trimestre.
No ano passado, o Banco Central (BC) descobriu uma fraude contábil de 4,3 bilhões de reais no Panamericano. A instituição só não quebrou porque foi socorrida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Na sequência, a participação de Silvio Santos foi vendida para o BTG Pactual.
(Com Agência Estado)