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Auxílio Brasil terá impacto maior para consumo que antigo Bolsa Família

Segundo a CNC, montante destinado por programa social irá impulsionar o consumo de comércio e serviços, mas inflação, juros e desemprego vão mitigar alcance

Por Felipe Mendes Atualizado em 19 jan 2022, 19h32 - Publicado em 19 jan 2022, 18h23

Principal programa social do governo de Jair Bolsonaro para 2022, o Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família, criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, irá oferecer cerca de 89,9 bilhões de reais aos mais vulneráveis este ano. O montante é quase o valor total gasto pelo atual governo com o Bolsa Família, entre janeiro de 2019 e outubro de 2021, quando foram destinados 93,6 milhões de reais para o programa. Segundo um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Auxílio Brasil deverá injetar o equivalente a 59,2 bilhões de reais para o consumo imediato das famílias. A entidade estima que o programa terá um impacto semelhante ao do Auxílio Emergencial, lançado para socorrer os mais vulneráveis em meio à pandemia de Covid-19.

Apesar do alento ao comércio, Fabio Bentes, economista-sênior da CNC, projeta que fatores como a alta expressiva dos juros, a inflação e o nível de desemprego no país serão drenos que prejudicarão a efetividade na destinação desses recursos. “No curto prazo, o impacto do novo programa tende a ser significativo para a economia”, diz ele. “Só que o país tem problemas que, de certa forma, vão drenar um pouco da potência do estímulo ao consumo por meio do programa. A inflação está muito alta e deve continuar pressionada este ano, em torno de 5% ou 6%. Isso ajuda a corroer um pouco do poder do programa. Fora isso, há o endividamento das famílias, que já atinge mais de 30% do orçamento das famílias.”

Se cerca de 70% dos ganhos com o programa social circularão por meio do consumo imediato, o estudo aponta que mais de 25%, ou 21,6 bilhões de reais, devem ser direcionados para a quitação ou o abatimento de dívidas por parte das famílias brasileiras. Apenas 3,8%, o equivalente a 3,2 bilhões de reais, devem ser poupados para consumo futuro. “Não vai ser o Auxílio Brasil que vai fazer o ano ser bom ou ruim para o comércio, mas já é uma ajuda. O que a gente precisa, de fato, é melhorar as condições de consumo, ter uma inflação mais baixa, com juros numa trajetória mais curta de crescimento, para resgatar um pouco das condições de consumo. O Auxílio é uma ajuda adicional, mas não vai ser decisivo para o ano do comércio”, aponta Bentes.

De acordo com o Banco Central, no terceiro trimestre do ano passado, 30,3% da renda média dos brasileiros estava comprometida com dívidas — maior patamar da série histórica iniciada em 2005. Mesmo com a breve redução desse percentual entre o segundo e o terceiro trimestres de 2020, quando parte dos recursos do Auxílio Emergencial foi empregado no pagamento de dívidas, os desdobramentos econômicos da crise sanitária voltaram a pressionar o endividamento familiar. Pelas contas da CNC, caso o percentual da renda comprometido com dívidas regredisse ao mesmo patamar do nível pré-pandemia (24,7%), algo pouco provável no curto prazo, a destinação de recursos para o consumo imediato sofreria um acréscimo de 6,7 bilhões de reais, totalizando 65,91 bilhões de reais, em vez dos 59,1 bilhões de reais indicados no estudo.

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