Após cinco cortes, BC observará economia antes de baixar novamente a Selic
Para parte dos membros do Copom, ociosidade da economia pode ser menor que a expectativa
O ciclo de cortes na taxa básica de juros da economia, a Selic, não deve continuar em 2020. Depois do ajuste na semana passada que fez a taxa atingir o patamar mínimo histórico de 4,25% ao ano, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feria, 11, mostra que o Banco Central considera necessário deixar a economia reagir à série de ajustes seguidos, iniciados em julho do ano passado.
O comitê prega cautela para entender se o grau de ociosidade da economia é o imaginado, devido a dados divergentes. Enquanto a produção industrial não sobe, o desemprego cai.
No comunicado de quarta-feira passada divulgado logo após o corte em 0,25 ponto porcentual na Selic, o BC já havia sinalizado que o ciclo de ajustes havia chegado ao fim.
O Copom afirma que é necessário entender qual é o grau de recuperação econômica, já que os indicadores apontam para lados diferentes. Apesar da melhora no mercado de trabalho, em que houve queda na taxa de desemprego em 2019, fechando o ano com 11,6 milhões de desempregados, a produção industrial foi abaixo do esperado, caindo 1,1% no ano passado.
“Alguns membros avaliaram que o esgotamento do modelo de alocação centralizada de capital e a longa duração da recessão podem ter produzido restrições de oferta. Nesse sentido, a dicotomia dos últimos dados sugere que pode haver menos espaço de ociosidade do que o mensurado por métodos tradicionais.” Entretanto, outros membros ainda acreditam que a ociosidade é alta, sinaliza a ata.
Na visão do Copom, as expectativas sobre a inflação, um dos patamares para a elevação ou afrouxamento da política monetária, estão sob controle. Segundo o comitê, a disparada no preço das carnes no fim de 2019 “antecipou inflação do ano-calendário 2020”. A previsão atual do mercado financeiro é que o IPCA feche o ano em 3,25%, abaixo da meta de 4%.
O BC acendeu também o alerta para as consequências da crescente epidemia de coronavírus no crescimento global, o que poderia impactar na condução dos juros brasileiros. “A consequência desses efeitos para a condução da política monetária dependerá da magnitude relativa da desaceleração da economia global versus a reação dos ativos financeiros”, frisou a autoridade monetária.