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Apesar da queda em agosto, varejo deve continuar resiliente

Mesmo com o recuo no mês, setor acumula alta de 4% na taxa anualizada. Atividade é amparada pelo mercado de trabalho e aumento da massa salarial

Por Luana Zanobia Atualizado em 10 out 2024, 14h58 - Publicado em 10 out 2024, 14h33

Apesar da queda pontual nas vendas do varejo em agosto, o setor continua a demonstrar uma resiliência notável no cenário econômico brasileiro. A retração de 0,3% no varejo restrito e de 0,8% no varejo ampliado, que inclui segmentos como veículos e materiais de construção, deve ser vista, segundo os economistas, mais como um ajuste natural após meses de forte expansão do que como um sinal de enfraquecimento estrutural. Na comparação anual, as vendas cresceram 5,1% no varejo restrito e 3,1% no ampliado, evidenciando que o consumo das famílias ainda se mantém firme, impulsionado por fatores como o aumento da massa salarial e um mercado de trabalho aquecido.

Para o economista do PicPay, Igor Cadilhac, esses resultados evidenciam uma desaceleração pontual, mas o desempenho permanece positivo na comparação anual. “O setor de comércio segue próximo de seus níveis recordes”, diz. Isso demonstra que, apesar das adversidades, o varejo ainda se mantém em um patamar elevado de atividade, refletindo uma economia que, até então, mantém um consumo aquecido.

Olhando em mais detalhes, a queda nas vendas de veículos (-5,2%) e no setor de móveis e eletrodomésticos (-1,6%) em agosto é um reflexo do ambiente de crédito mais apertado, em parte provocado pela política monetária restritiva adotada pelo Banco Central. A taxa Selic, que visa conter a inflação, tem tornado o crédito mais caro e menos acessível, especialmente para bens de maior valor agregado e setores altamente dependentes de financiamento, como o de automóveis e de eletrodomésticos. Isso deve continuar a exercer pressão sobre o consumo desses bens nos próximos meses.

“Apesar do dado negativo de diversos segmentos, praticamente todos vêm avançando de forma robusta quando olhamos no acumulado do ano e na variação anual, principalmente artigos farmacêuticos, supermercados, além de móveis e eletrodomésticos”, diz Rafael Perez, economista da Suno Research. Esse avanço sugere que, enquanto os bens duráveis sentem o peso da política de crédito mais restritiva, o consumo de itens de necessidade básica e de menor valor agregado segue em trajetória de crescimento.

No entanto, a elevação da taxa Selic deve produzir efeitos mais visíveis nos próximos meses. O encarecimento do crédito ao consumidor e o aumento do custo de capital para empresas do setor devem reduzir a capacidade de expansão do comércio. Além disso, a perda de ímpeto no mercado de veículos e em setores mais sensíveis ao crédito pode se agravar à medida que as condições financeiras se tornam mais desafiadoras, limitando as margens de lucro e a capacidade de investimento.

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Apesar da política monetária mais restritiva, os economistas compartilham uma visão otimista sobre o futuro do varejo. Cadilhac prevê um crescimento de 3% para o setor em 2024, ressaltando que, “apesar da decepção no conceito ampliado no mês, iniciamos o segundo semestre com um dinamismo superior ao esperado”. Ele atribui esse fôlego ao mercado de trabalho aquecido, ao aumento da massa salarial, à expansão do crédito ao consumidor e à inflação ainda relativamente controlada, fatores que, em sua visão, devem “compensar o impacto prolongado das taxas de juros elevadas”.

Para Perez, o cenário atual pode levar o setor a “apresentar a maior expansão dos últimos dez anos”.

No entanto, com a política monetária restritiva e a elevação da Selic impactando o crédito e o consumo, é provável que o setor enfrente ventos contrários mais fortes nos próximos meses.

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