Ao prorrogar auxílio, Bolsonaro acena para volta da agenda reformista
Ao aumentar a despesa em R$ 100 bi para o pagamento do benefício até dezembro, Bolsonaro prometeu que desengavetará as mudanças no funcionalismo

Ao lado de deputados e senadores e do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a prorrogação do auxílio emergencial. O benefício terá mais quatro parcelas, com o valor de 300 reais cada, metade do valor pago atualmente. A extensão do benefício, criado para anteder trabalhadores informais que perderam renda em razão da pandemia do novo coronavírus, foi anunciado após reunião do presidente com ministros e parlamentares aliados no Palácio da Alvorada. Com o novo aumento de gastos públicos, o presidente decidiu sinalizar que há compromisso do governo com as reformas no cenário pós pandemia e prometeu desengavetar a reforma administrativa, que mexe na estrutura do funcionalismo público, ainda nesta semana.
“Devemos encaminhar na quinta-feira a reforma administrativa. Que fique bem claro, não atingirá nenhum dos atuais servidores. Ela se aplicará apenas aos futuros servidores concursados”, afirmou Bolsonaro em entrevista após a reunião com os líderes governistas no Congresso. O texto estava engavetado desde o ano passado devido ao temor do executivo que as mudanças pudessem causar ebulição social, como ocorreu no Chile, por exemplo. A pauta, considerada impopular, acabou não saindo mais da gaveta com o presidente vendo seus índices de popularidade crescerem com o pagamento do auxílio emergencial. Porém, com a visível discordância entre o chefe do executivo e a equipe econômica na condução de políticas no pós pandemia, a reforma administrativa deve finalmente chegar ao Parlamento.
Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, os anúncios desta terça-feira são indicativos que o governo está sim comprometido com as reformas, promessa da área econômica na campanha e vista como fundamental pelo mercado financeiro e empresários para ditar os rumos da economia brasileira a longo prazo. “Os olhos não estão só a curto prazo, mas a classe política também está pensando no futuro”, salientou. Assim como salientado por Bolsonaro, Guedes afirmou que a reforma não mexerá nos direitos dos servidores atuais. “A reforma administrativa é importante, não atinge os direitos mas redefine o sistema”, disse. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) afirmou que a base governista está comprometida com o rigor nas contas publicas e o teto de gastos e isso inclui as mudanças previstas na administrativa. “Chegamos a conclusão com os líderes sobre o auxílio e a reforma administrativa. Ela trará uma mudança profunda, com meritocracia no serviço público.”
Motivo de discordância pública entre Bolsonaro e Guedes, o Renda Brasil, programa que deve substituir o auxílio emergencial, não teve nenhum anúncio feito pelo chefe do executivo ou pelo ministro. Ficou a cargo do senador Fernando Bezerra (MDB-PE) falar sobre a medida. Segundo ele, o Renda Brasil é o próximo passo após o envio da reforma administrativa.
Auxílio custará mais R$ 100 bi
Segundo Bolsonaro, a prorrogação do auxílio emergencial será via medida provisória. “O valor definido agora há pouco é um pouco superior a 50% do Bolsa Família. 300 reais. Nós decidimos aqui, até atendendo a economia, em cima da responsabilidade fiscal, fixar em 300 reais”, afirmou Bolsonaro. Com a prorrogação, o custo do programa deve subir mais 100 bilhões de reais até o fim do ano, totalizando 354 bilhões de reais distribuídos de forma emergencial. O governo tinha prerrogativa de prorrogar o auxílio via decreto, como aconteceu com a extensão das parcelas para os meses de julho e agosto, mas precisava manter o valor em 600 reais, algo considerado inviável.
O anúncio foi feito após a reunião com os líderes do governo no Congresso porque, por ser uma MP, o texto passa por apreciação dos parlamentares, e pode ser alterado. Inicialmente, o auxílio emergencial previa o pagamento de 200 reais a trabalhadores informais, autônomos e microempreendedores individuais que perderam renda por causa da pandemia de Covid-19. Na tramitação, o valor subiu para 500 reais e Bolsonaro sinalizou o pagamento de 600 reais.
ASSINE VEJA

Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se já é assinante, entre aqui. Assine para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.
Essa é uma matéria fechada para assinantes e não identificamos permissão de acesso na sua conta. Para tentar entrar com outro usuário, clique aqui ou adquira uma assinatura na oferta abaixo
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique. Assine VEJA.
Impressa + Digital
Plano completo de VEJA. Acesso ilimitado aos conteúdos exclusivos em todos formatos: revista impressa, site com notícias 24h e revista digital no app (celular/tablet).
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Receba semanalmente VEJA impressa mais Acesso imediato às edições digitais no App.
MELHOR
OFERTA
Digital
Plano ilimitado para você que gosta de acompanhar diariamente os conteúdos exclusivos de VEJA no site, com notícias 24h e ter acesso a edição digital no app, para celular e tablet. Edições de Veja liberadas no App de maneira imediata.
30% de desconto
1 ano por R$ 82,80
(cada mês sai por R$ 6,90)