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O risco fiscal aumenta com a queda da popularidade de Bolsonaro

Com a avaliação positiva em queda, o presidente tem em mãos duas saídas: descambar para a gastança desenfreada ou optar pelo cuidado com as contas públicas

Por Victor Irajá Atualizado em 22 jan 2021, 16h53 - Publicado em 22 jan 2021, 16h51

Ser responsável com as finanças do país tem um alto custo de curto prazo para um político. Seu principal ativo, a popularidade e a capacidade de conversão de imagem em votos, pode ser duramente afetado por medidas de controle fiscal e contenção de despesas. Ser irresponsável com as finanças do país, por sua vez, custa mais caro ainda. Para a população. Em meio à emergência com a piora da pandemia de Covid-19 no país e os louros da vacinação garantidos ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), os dados de queda da avaliação positiva do governo do presidente Jair Bolsonaro trazem uma mensagem clara: os números não são positivos para o mandatário no cenário atual. 

A palavra impeachment ganhou força, principalmente nas redes sociais, depois da lamentável ausência de balões de oxigênio em Manaus, capital do Amazonas. Para além da crise humanitária e do despreparo logístico do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para a saída mais eficiente para a crise de saúde — as vacinas –, o fim do auxílio emergencial atingiu diretamente o número de brasileiros que aprovam a gestão do governo federal.

Como mostra VEJA na edição desta semana, o instituto de pesquisas Ipespe, em levantamento encomendado pela XP Investimentos, constatou que, pela primeira vez desde abril do ano passado, a rejeição a Bolsonaro cresceu de 35% para 40%, enquanto sua aprovação caiu de 38% para 32%. Uma pesquisa realizada pela revista Exame em parceria com o instituto Ideia apontou que aprovação à gestão do presidente caiu despencou de 37% para 26% em uma semana.

Isso, é claro, tem um grande viés econômico. Os estados do Norte e do Nordeste, regiões mais pobres do país, insuflaram a popularidade de Bolsonaro após a injeção de recursos voltados a trabalhadores informais, que ajudaram no consumo e na subsistência no período mais grave da crise em 2020. Um estudo da consultoria Tendências mostra que os ganhos mensais dos moradores da região Norte saltaram, em média, 13,1%, no ano passado, enquanto que os dos habitantes do Nordeste avançaram 8,3%. “A dinâmica do vírus, a incerteza sobre a vacinação, os desencontros de comunicação do Ministério da Saúde e a percepção real do fim do auxílio emergencial de renda foram uma combinação amplamente negativa”, diz o coordenador da pesquisa do Ideia, Maurício Moura.

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O presidente, porém, ainda mantém-se firme entre as pessoas de classes mais altas. Segundo a pesquisa, 58% dos que recebem mais do que cinco salários mínimos apoiam a gestão. Muito por conta da defesa da manutenção de negócios abertos e da agenda de reformas do ministro da Economia, Paulo Guedes.

O dilema do presidente, agora, se impõe entre decidir por dois caminhos: o da gastança que garantiria um respiro a seus índices de aprovação ou garantir a consolidação de um ambiente solícito para a atração de investimentos e controle dos gastos públicos. O alerta foi dado há algum tempo, em reportagem de capa de VEJA em agosto passado. É um caminho tortuoso. No olho do furacão, o presidente procura demonstrar convicção e comprometimento com a pauta liberal de Guedes, a quem jurou fidelidade absoluta com o teto de gastos, por exemplo. Mas, influenciado pelo discurso de alguns ministros militares, flerta ao mesmo tempo com a perspectiva de usar os recursos de que dispõe para impulsionar sua popularidade em busca de seu segundo mandato — ou, com o impeachment ganhando corpo no Congresso Nacional, manter-se no cargo.

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