Amazon cria anúncio inédito com clérigo muçulmano; assista
Vídeo, que a empresa nega ser manifesto político, estreou nesta quarta; nos EUA, número de crimes contra população islâmica subiu desde a eleição de Trump
A Amazon levou no ar nesta quarta-feira um vídeo estrelado por um padre católico e um imam, religioso responsável pela celebração dos cultos islâmicos. Segundo especialistas no mercado publicitário, essa é a primeira vez que um clérigo muçulmano aparece em uma propaganda na TV americana.
“Não consigo lembrar de nenhum outro”, disse ao jornal USA Today Tobe Berkovitz, professor de publicidade na Universidade de Boston. “Há muitas figuras religiosas na televisão, especialmente em séries de comédia e policiais, mas nenhum anúncio com um imam.”
A peça começou a ser exibida em canais dos EUA, Reino Unido e Alemanha. Ambientado na Inglaterra, o comercial mostra um padre abrindo sua porta para seu grande amigo, um imam muçulmano. Os dois conversam, riem e bebem seus chás enquanto cada um passa as mãos em seus próprios joelhos, dando a entender que estão doloridos. Depois do encontro, já separados, os dois sacam seus celulares e usam o aplicativo da Amazon para comprar joelheiras e se presentearem mutuamente – sem que um saiba da surpresa do outro. A proteção para os joelhos é apropriadamente utilizada por ambos em suas rezas.
A Amazon fez questão de esclarecer que a campanha não tem como objetivo ser um manifesto político e nem tem relação com a eleição de Donald Trump para presidir os Estados Unidos. De acordo com a gigante do varejo digital, a peça começou a ser produzida em junho.
Ainda assim, fica claro que refutar qualquer insinuação política foi uma preocupação da Amazon. A empresa não costuma manifestar-se à imprensa sobre a estreia de mais um de seus anúncios de TV, o que ocorreu dessa vez. Grupos que compilam os crimes de ódio nos Estados Unidos dizem que cresceu o número de incidentes contra imigrantes e muçulmanos desde a eleição de Trump, no último dia 8. Durante a corrida presidencial, o republicano chegou a sugerir a proibição da entrada de muçulmanos nos EUA.
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