O porta-voz do governo alemão, Georg Streiter, disse nesta segunda-feira que as expectativas da Alemanha quanto à capacidade da Grécia em cumprir com os compromissos adquiridos com os credores internacionais oscilam entre esperança, tensão e ceticismo, ao mesmo tempo em que o país segue mostrando-se intransigente.
Até pouco tempo atrás, Berlim não se cansava de repetir sua intenção de socorrer a Grécia na zona do euro, mas este discurso tem desaparecido das declarações oficiais.
Ao mesmo tempo, o Fundo Monetário Internacional (FMI), a União Europeia (UE) e o Banco Central Europeu (BCE), conhecidos como a ‘troika’, devem realizar na terça-feira um exame em profundidade do programa econômico do novo governo.
O relatório, esperado para “meados de setembro” por Berlim, determinará se a Grécia irá receber o próximo lote de 31,500 bilhões de euros do crédito previsto em meio ao segundo plano de ajuda de dois anos adotado em fevereiro.
A paciência do governo alemão para com a Grécia, no entanto, parece se esgotar.
No domingo, o ministro da Economia, Philip Rösler, reiterou suas dúvidas sobre a capacidade de Atenas continuar na zona do euro, ao dizer que o cenário de saída da Grécia “deixou de assustar há tempos”.
Noves meses atrás, uma declaração como essa geraria puxões de orelha da chanceler Angela Merkel.
Ao mesmo tempo, a imprensa alemã afirmou nesta segunda-feira, citando fontes oficiais, que o FMI não deseja participar de um novo plano de ajuda à Grécia.
“Caso o FMI abandone seus sócios do BCE e da UE, isso significa o fim definitivo do plano de resgate”, disse Hans Michelbach, responsável por assuntos orçamentários da CSU (partido aliado de Angela Merkel).
Até agora, o governo alemão tinha evitado falar da hipótese de saída da Grécia do euro, inclusive sobre a quebra do país, classificando este cenário de “especulativo”.
Contudo, fontes próximas à chanceler, citadas na segunda-feira pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung, davam a entender que seria “inconcebível para Merkel apresentar-se novamente ante o Parlamento para pedir a aprovação de um terceiro plano de resgate para a Grécia”.
O ministro de Finanças grego, Yannis Sturnaras, admitiu na semana passada que o país possui um longo caminho a percorrer para finalizar os 11,5 bilhões de euros de cortes adicionais exigidos pela UE e pelo FMI.
“É provável que o governo alemão prepare um giro de 180 graus em sua política grega. O cálculo se apresenta desta maneira: caso o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) entre em vigor no outono, podemos deixar que a Grécia naufrague”, disse a revista Der Spiegel em um editorial de sua página na web, dando a entender que o MEE pode prevenir o risco de contágio no caso de quebra da Grécia.
O FMI, no entanto, disse nesta segunda-feira que continua “apoiando a Grécia em seus esforços para superar as dificuldades econômicas”.