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Alberto Ramos, do Goldman Sachs: Está na hora de começar a cortar a Selic

Para ele, corte na taxa de juros, independentemente de sua magnitude, sinaliza uma vitória do Banco Central contra a inflação no Brasil

Por Felipe Mendes Atualizado em 2 ago 2023, 16h05 - Publicado em 2 ago 2023, 12h57

O economista português Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman Sachs para a América Latina, acostumou-se nos últimos anos a ver a economia do Brasil “patinar” e dar pequenos voos de galinha. Em 2023, no entanto, ele confessa que o país tem enviado bons sinais para o exterior. Para isso, não cita só as tomadas de decisão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas sobretudo o trabalho do Banco Central, capitaneado por Roberto Campos Neto. Ramos acredita que um vindouro corte na taxa básica de juros, hoje a 13,75% ao ano, será a sinalização da vitória da autarquia no combate a um velho fantasma do país: a inflação.

“A possibilidade de queda de juros foi propiciada e derivada graças ao trabalho do Banco Central, que vem ganhando a batalha contra a inflação. A inflação é uma fonte de incerteza e um imposto progressivo sobre as famílias de baixa renda. Ao combater a inflação, diminui-se a incerteza, aumenta o poder de compra e isso sustenta a economia. A melhor contribuição que o Banco Central pode dar ao país é manter a inflação baixa e relativamente estável”, aponta Ramos. “O Brasil ainda não ganhou a guerra contra a inflação, mas está caminhando para isso.”

Ramos diz que não importa o tamanho da magnitude do corte. Hoje, a maioria das casas de análise aponta que a Selic deva cair a 13,5% ao ano, uma redução de 0,25 ponto percentual — o economista português corrobora com essa ideia, mas não descarta uma redução maior. “A gente está estimando um corte de 0,25 ponto percentual, com viés de 0,5. Para o fim do ano, a projeção é que a Selic esteja a 12% ao ano”, diz ele. “Mas a verdade é que não faz tanta diferença. Está na hora de começar a cortar os juros e o Banco Central fará isso. E é um reconhecimento ao trabalho que ele desempenhou, que criou agora as condições para isso com o controle da inflação. É bom ressaltar que o Banco Central não mantém o juro alto porque gosta, e sim porque é necessário e é o custo que se paga para ter um benefício maior, que é uma inflação mais baixa e ancorada.”

Apesar de um corte de proporção mínima na taxa de juros não trazer impacto imediato para o país, Ramos vê a possibilidade de que a sinalização do Banco Central ajude a impulsionar a retomada dos investimentos por parte dos empresários, além de beneficiar a bolsa de valores brasileira. “Todos os setores que são mais sensíveis ao juro devem ser beneficiados, como, por exemplo, a construção e os setores que estão envolvidos na venda de bens duráveis e semiduráveis”, diz ele. “Eventualmente, isso dará algum ímpeto à atividade econômica brasileira nos próximos trimestres.”

De olho nos riscos do cenário externo, Ramos crê que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e o desempenho abaixo do esperado da China podem trazer solavancos ao ciclo de corte de juros no Brasil, mas que não há nada muito preocupante nesse caminho. “O risco sempre existe. Muitos Bancos Centrais ainda estão subindo os juros. O mundo continua bastante incerto. A retomada da atividade na China tem sido errática, a Europa convive com a guerra… Há sempre algum risco que possa vir a reduzir o apetite ao risco e deslocar o câmbio, mas, neste contexto, o papel do Banco Central seria o de adotar uma postura mais conservadora, cortando menos do que voltando a subir os juros”, completa.

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