Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Agora é possível alugar só a piscina de sua casa

Um novo negócio de locação residencial é opção de lazer e aceno para uma revolução de nosso tempo, a do compartilhamento

Por Sabrina Brito Atualizado em 31 mar 2021, 12h12 - Publicado em 26 mar 2021, 06h00

No começo, o Airbnb estremeceu: a maior plataforma de aluguel de residências por temporada do mundo, com 7 milhões de propriedades listadas em 220 países, viu sua receita cair pela metade nos três primeiros meses de pandemia. Entretanto, conforme foi ficando claro que a crise não sumiria com a mesma rapidez que se alastrou, as locações foram sendo retomadas, fomentando, inclusive, novos modelos de negócio — um deles especialmente dirigido a pessoas que buscam, em vez de um refúgio completo fora da cidade, apenas algumas horas de diversão, de preferência perto de casa. Toda adversidade traz inovações, e foi justamente no rastro da maior crise sanitária do século, com clubes e condomínios sendo fechados, que surgiu uma oportunidade bem ao gosto de quem curte sol e calor: o aluguel de piscina em residências. Isso mesmo, exclusivamente da piscina.

Arte piscina Airbnb

Existe um ditado nos negócios que diz: “Se você não está fazendo uso de sua propriedade, deixe que ela faça dinheiro para você”. Antes mesmo da Covid-19, sob o sol escaldante do verão de 2018, nos Estados Unidos, o jovem empresário Bunim Laskin pôs em prática o lema e lançou o Swimply, uma plataforma on-line de locação de piscinas que já se expandiu para o Canadá e a Austrália. Assim como o Airbnb, o Swimply faz a intermediação entre anfitrião e hóspede, ficando com um porcentual da receita de locação.

Com suas características tropicais, não tardaria para que o Brasil fosse identificado com um ambiente promissor para esse tipo de atividade — estima-se que existam 3 milhões de piscinas particulares no país, número inferior apenas ao dos Estados Unidos. No entanto, não foi o Swimply a empresa que mergulhou nas piscinas nacionais. Quem tomou a dianteira e lançou uma plataforma de locação em plena pandemia foi o Dovizin, empresa cujo nome se inspira, carinhosamente, em uma característica brasileira de tempos mais gentis: emprestar “do vizinho”. Aqui, porém, não se trata de empréstimo, mas de locação limitada à área de lazer da casa.

OFERTA - A artista visual Danielle Preu, de São Paulo: “O aluguel vem a calhar” -
OFERTA - A artista visual Danielle Preu, de São Paulo: “O aluguel vem a calhar” – (Otto Preu/.)

Dovizin ainda não tem aplicativo, mas é um site tão amigável quanto qualquer outro de locação ou serviços compartilhados. O anfitrião oferece sua piscina na plataforma, com preços que variam de 100 a 300 reais por hora, dependendo do tipo de piscina, do local e das amenidades oferecidas — uma boa churrasqueira, mesas e cadeiras, por exemplo, conferem mais valor ao aluguel, que é fixo até cinco pessoas, havendo um acréscimo para cada usuário adicional. O site, entretanto, tem por norma não permitir mais de catorze pessoas, evitando assim grandes festas que possam trazer problemas ao proprietário, sobretudo agora, em tempos de isolamento. O objetivo é, acima de tudo, oferecer uma oportunidade de distração a famílias ou pequenos grupos de amigos. “Dez anos atrás, ninguém chamava carro ou alugava casa por aplicativo. Hoje em dia, já é possível até alugar um único quarto”, ressalta Marcos Vieira, cofundador do Dovizin, confiante na nova tendência.

A plataforma se compromete a checar, dentro da lei, tanto o hóspede quanto o anfitrião. A este, por sinal, cabe decidir se aceita crianças e animais de estimação, além de estabelecer regras quanto ao consumo de álcool ou cigarro. No site há também princípios a ser seguidos por ambas as partes: para cada três crianças, é obrigatória a presença de um adulto supervisionando. O anfitrião, por sua vez, precisa garantir a limpeza e higiene. Alguns se perguntam se ele deve sair de casa ou se trancar dentro dela na chegada dos locatários — essa escolha também cabe a ele. O importante é que esteja entendido um fato: o aluguel está restrito à piscina. O Swimply reporta que 90% dos anfitriões nunca se encontram com os hóspedes.

Lançado há duas semanas, o Dovizin tem vinte anfitriões cadastrados, mas seus fundadores esperam chegar a 2 000 até o fim do ano. Se depender de pessoas como a artista visual Danielle Preu, de São Paulo, não será difícil atingir essa meta. Danielle pretende anunciar a piscina de sua casa, cuja manutenção mensal é de 500 reais. “Como o custo já existe, o aluguel vem a calhar”, diz ela. Não é uma volta aos tempos de pedir favor ao vizinho, mas não deixa de ser um ato de desapego e um ótimo negócio atrelado a uma revolução: a do compartilhamento, postura que define a civilização do século XXI. A explosão tecnológica da internet pavimentou um jeito de viver, em que usufruir é mais relevante do que ter.

Publicado em VEJA de 31 de março de 2021, edição nº 2731

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.