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A surpreendente reação da bolsa e do dólar no 1º semestre da gestão Lula

Reviravolta no mercado: Ibovespa valoriza 8% e dólar desvaloriza 9,2% no primeiro semestre, contrastando com períodos anteriores

Por Luana Zanobia Atualizado em 30 jun 2023, 19h22 - Publicado em 30 jun 2023, 17h33

O ano de 2023 começou com poucas perspectivas positivas para o mercado após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inflamar discursos contra o teto de gastos e a meta de inflação, ascendendo o alerta para um governo gastador, repetindo erros das gestões passadas. Quando eleito, Lula chegou a questionar “Por que é preciso teto de gastos?”, e indagou “Se a meta está errada, muda-se”, além de atribuir a queda da bolsa e a alta do dólar a especuladores do mercado. O discurso, no entanto, foi apaziguado nos últimos meses e não ganhou contornos na prática. Os temores foram aos poucos se dissipando com a apresentação de uma nova regra fiscal e com a mudança para uma postura mais responsável fiscalmente, especialmente do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.  

Os receios de mudanças na meta de inflação foram perdendo força à medida que a inflação cedia. Na quinta-feira, 29, o CMN decidiu manter a meta em 3% para 2024, 2025 e 2026 – como já era amplamente esperado pelo mercado – e alterou o regime de ano-calendário para meta contínua, uma sugestão que vinha ganhando força e era amplamente bem-avaliada pelos especialistas da ala econômica. Junto à essas sinalizações positivas do governo, os índices de inflação cederam e o dólar desvalorizou, abrindo espaço para o real ostentar papel de protagonista. Essas mudanças no cenário – que até alguns meses atrás pareciam improváveis – reverberaram na bolsa brasileira. O Ibovespa acumula uma valorização de 8% no primeiro semestre deste ano, uma reviravolta em relação ao mesmo período do ano passado, quando o índice recuou 12%. Só neste mês, o Ibovespa acumula ganhos de 9%. Esse resultado representa o quarto melhor desempenho mensal desde o início de 2020, segundo levantamento do Trademap. Na contramão, o dólar vem aprofundando as perdas desde o ano passado e já registra desvalorização de 9,2% no semestre, queda maior que a registrada no mesmo período do ano passado, quando a moeda recuou 5,6%.

Apesar das ações da Petrobras negociarem em queda nesta sexta-feira, em consequência da redução do preço da gasolina, o Ibovespa acompanhou os mercados internacionais e refletiu a decisão do CMN e a expectativa de cortes na taxa de juros em agosto, como sinalizado pelo Banco Central na última ata do Copom. Na máxima do dia, o Ibovespa bateu os 119 mil pontos, mas cedeu no fim da tarde, encerrando com leve queda de 0,25%, mas mantendo-se nos 118 mil pontos.

O BTG e o banco Itaú projetam que a mudança de ano-calendário para meta contínua deve contribuir para a queda das expectativas de inflação e da curva de juros, aumentando a confiança para o corte da Selic. “A mudança para uma meta contínua pode trazer avanços, como institucionalizar a prática do BC de mirar um horizonte contínuo, evitar medidas ineficientes e alinhar o Brasil a melhores práticas internacionais”, diz Mario Mesquita, economista-chefe do banco Itaú em relatório.

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O novo regime de metas entra em vigor em 2025 com horizonte de 24 meses. No entanto, o tempo é um pouco acima do esperado e recomendado pelo mercado. O Itaú ressaltou a importância de manter um prazo de convergência adequado para evitar riscos de expectativas desancoradas e inflação acima da meta por um período prolongado. Segundo o banco, o BC deveria perseguir a meta de convergir a inflação para 3% no prazo de aproximadamente 18 meses. “Não seria apropriado alongar o prazo de convergência devido ao risco de expectativas desancoradas e inflação acima da meta por um período prolongado”, avalia Mesquita.

Apesar do cumprimento ter ficado aquém do esperado pelo mercado, o cenário segue com sinalizações mais positivas do que negativas. O PIB do primeiro trimestre surpreendeu com crescimento de 1,9%, jogando para cima a revisão de muitos bancos, inclusive do Banco Central, que revisou de 1,5% para 2%. Além disso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) segue cedendo, embora haja previsões de novos repiques no segundo semestre. O Boletim Focus projeta pela sexta semana consecutiva queda do IPCA, com expectativa de uma inflação final de 5,06%, ainda fora da meta e da margem de tolerância, mas já distante do 6% projetados no início do ano. O cenário, por enquanto, caminha para uma calmaria não imaginada pelo mercado.

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