A resposta de Galípolo para a principal dúvida de investidores estrangeiros
O que entra na mira do BC na hora de mapear o cenário de risco no Brasil? Futuro presidente do BC respondeu
Uma das principais dúvidas de investidores, sobretudo os estrangeiros, é sobre quais as variáveis mapeadas pelo Banco Central interna e externamente para entender o real cenário de riscos no Brasil. A resposta do futuro presidente do BC e atual diretor de política monetária da autarquia, Gabriel Galípolo, começa pela desancoragem das expectativas. Semana a semana, analistas do mercado financeiro consultados pelo BC têm subido a projeção da inflação para este ano. Segundo dados do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 2, o IPCA, índice oficial de inflação, deve encerrar o ano em 4,71%.
“É um tema que a gente tem monitorado com bastante atenção pelo tamanho do incômodo que nos gera a desancoragem durante um ciclo de alta de juros”, disse Galípolo, nesta segunda-feira, durante evento promovido pela XP. Segundo, Galípolo, a desancoragem já incomoda faz tempo. “E o papel do Banco Central é reancorar essas expectativas”, disse.
Os dados que mostram a tensão no mercado de trabalho — quão apertado está e como isso reflete em pressões inflacionárias — é um ponto de atenção constante no cenário doméstico, assim como dados de inflação subjacentes, que medem a tendência dos preços desconsiderando efeitos mais temporários. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa de desemprego no trimestre encerrado em outubro, de 6,2%, é a menor da série histórica, iniciada em 2012.
Segundo Galípolo, o BC tenta mapear os resultados de um mercado de trabalho aquecido, uma economia mais dinâmica em um cenário de desvalorização do câmbio, na inflação, combinados às incertezas do pontos de vista do mercado internacional.
O futuro presidente do BC lembrou ainda que os países que são motores da economia global passaram por grandes transformações desde o início dos anos 2000 e que essas transformações precisam também ser monitoradas com atenção.
O Japão, após 17 anos, voltou a elevar os juros, marcando uma mudança em sua política monetária, disse ele. A China, antes impulsionada por alta demanda de commodities e exportadora de desinflação, agora enfrenta desaceleração, prosseguiu.
Galípolo citou também a Europa, que está lutando contra uma possível recessão, e as incertezas nos Estados Unidos. Com a eleição de Donald Trump, o país estão caminhando para aumentar as tarifas de produtos importados, entre outros desdobramentos de uma tendência mais protecionista do futuro presidente, que pode levar o banco central dos EUA a rever o ciclo de cortes de juros.
“A gente tem acompanhado, especialmente para entender o que realmente vai se revelar em política efetiva, econômica, quais vão ser os impactos e a função da reação do Fed”, disse Galípolo.