A recomendação da Presidência para Guedes segurar a língua
Relatório da Comissão de Ética Pública pede para que Guedes seja mais 'cauteloso'; documento é resposta a denúncias feitas por entidades de servidores
Os arroubos verbais do ministro da Economia, Paulo Guedes, lhe custaram uma chamada de atenção pública. A Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República enviou uma recomendação ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para que tenha “maior cautela no linguajar utilizado em reuniões e/ou pronunciamentos públicos”.
Em sua recomendação, a comissão pede que Guedes seja mais “cauteloso”, ainda que essas situações sejam de “cunho restrito, em especial quando os adjetivos utilizados tiverem aptidão para gerar dúvida sobre a intenção do interlocutor ou quando o assunto tratado puder causar exposições desnecessárias”. As recomendações enviadas ao ministro foram em respostas a denúncias feitas pelo Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), entre 2020 e 2021.
Os apelos da entidade ocorreram em relação a momentos que o ministro criticou servidores públicos. Em uma delas, ele afirmou que os servidores são autoritários e “militantes de governos anteriores”, e em outra ocasião acusou servidores públicos de serem “parasitas” do Estado. A Fonacate também protocolou uma outra denúncia contra o ministro sobre conflitos de interesses de manutenções de offshores.
“Embora a comissão não tenha entendido pela ocorrência de ilícito administrativo, a recomendação de cautela no uso de linguajar pode ser considerada uma conquista dos servidores, visto que repetidas vezes o ministro Paulo Guedes se utiliza de expressões inadequadas ao seu cargo”, ressaltou a assessora jurídica do Fonacate, Larissa Benevides.
Para o presidente do Fonacate e da Fenaud (Federação Nacional dos Auditores de Controle Interno Público), Rudinei Marques, “em vez dessas agressões verbais ao funcionalismo, Paulo Guedes deveria se preocupar mais com a economia nacional: a inflação voltou com força, o preço da gasolina disparou, há 33 milhões de brasileiros passando fome e, nessa conjuntura desastrosa, a economia segue estagnada”. Apesar da recomendação de ser mais contido, ao que tudo indica, a disputa entre os servidores e o ministro vai seguir. Desde a tramitação do Orçamento de 2022, as carreiras buscam reajustes salarias. Foi aventado um aumento integral de 5% às carreiras, no entanto, com o Orçamento apertado e a prioridade eleitoral do presidente — com alta de combustíveis e necessidade de auxílios a mais vulneráveis –, o reajuste deve ficar como assunto para a próxima gestão.