A nova escalada da inflação, de acordo com o mercado
Analistas consultados para o Boletim Focus preveem IPCA em 5,15%, acima do teto da meta, de 5%; em 2021, inflação ficou em dois dígitos
Em 2021 o mercado elevou, por 35 semanas consecutivas a previsão para a alta da inflação em 2021. Ao todo, foram oito meses de revisão para cima da inflação, que encerrou o ano em 10,06%. Apesar de em grau menor que no ano passado, o mercado financeiro iniciou 2022 fazendo revisões seguidas da alta dos preços neste ano. Segundo o Boletim Focus desta segunda-feira, 24, o IPCA — índice oficial de inflação no país — deve encerrar o ano em 5,15%. Esta é a segunda alta consecutiva na estimativa dos economistas consultados pelo Banco Central.
Na semana anterior, os economistas projetavam 5,09% e nas duas primeiras do ano, 5,03%. Todas as estimativas estão acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CNM) que fixou em 3,50% o objetivo da meta neste ano. Os números também são superiores aos 5%, teto da meta em 2022.
Para tentar frear um novo estouro de inflação neste ano, o Banco Central vem subindo as taxas de juros. Atualmente em 9,25%, a expectativa é que a autoridade monetária já faça um novo ajuste na primeira reunião do Copom no ano, em fevereiro. O mercado financeiro estima que a Selic encerre 2022 em 11,75%, mesma projeção da semana anterior.
A expectativa de preços altos persistam em 2022 ocorre justamente porque fatores que pesaram muito para a inflação em 2021 se arrastaram para este ano. O principal deles é a alta dos preços dos combustíveis. Além disso, as secas no sul do país devem pressionar o preço dos alimentos, já que a pecuária e as plantações de soja e café têm sofrido bastante com a estiagem.
Para o PIB, o mercado financeiro segue vendo a economia em passo de estagnação em 2022, com crescimento projetado de 0,29%, o mesmo do boletim anterior. Como mostra VEJA desta semana, a atuação dos Bancos Centrais em todo mundo vai definir os rumos da economia global. No caso do Brasil, além do aumento dos juros por aqui, pesa o endurecimento das políticas monetárias em países desenvolvidos, já que os investidores tendem a levar os investimentos para economias consideradas mais estáveis.