Selic a 14%: crise de credibilidade supera inflação, diz Étore Sanchez
VEJA Mercado: economista-chefe da Ativa Investimentos diz que juros podem bater 14% e que cenário é diferente de 2022 porque crise de credibilidade é maior
VEJA Mercado | 13 de novembro de 2024.
As bolsas europeias e os futuros americanos são negociados em alta na manhã desta quarta-feira, 13. Os partidos políticos PT, PCdoB, PDT e PSOL assinaram um manifesto conjunto em que protestam contra a pressão do mercado financeiro pelas propostas de cortes de gastos públicos. Os partidos ainda se dizem contra as reduções em programas sociais e falam em “chantagem e hipocrisia”. O documento diz ainda que o mercado financeiro não pode ditar as regras do país.
No Azerbaijão para representar o Brasil na cúpula da COP 29, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, tentou mais uma vez tranquilizar os investidores. Ele afirmou que as reuniões sobre o pacote têm sido proveitosas e que o presidente Lula deixou claro que cumprirá rigorosamente o arcabouço fiscal, que tem como meta zerar o déficit em 2024 e 2025. Alckmin disse ainda que o país vai ter uma política fiscal rigorosa que vai permitir um desenvolvimento econômico com taxas de juros menores.
O presidente Lula pediu “cumplicidade” do Legislativo e do Judiciário no ajuste fiscal depois de convocar o ministério da Defesa para as discussões. O fato é que alguns bancos e corretoras — como a Ativa Investimentos — projetam que a taxa Selic pode bater a marca dos 14% ao ano no primeiro semestre de 2025 por causa da incerteza fiscal. O IBGE identificou um crescimento aquém do esperado do varejo em setembro e novos dados dos serviços também mostram o desafio de o crescimento econômico se perpetuar diante de um cenário de inflação mais alta e juros nas alturas.
Diego Gimenes entrevista Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. O especialista acredita que a taxa Selic pode bater a marca dos 14% no primeiro semestre do ano que vem diante dos recados mais duros do Banco Central na ata da última reunião do Copom. O economista compara o atual cenário com o de 2022, quando os juros subiram para 13,75% ao ano e a inflação em 12 meses era de 11%. Ele diz que, apesar da inflação menor no cenário atual, a crise de credibilidade das instituições é maior e impõe mais risco e mais prêmios às curvas longas de juros. Sanchez diz ainda que a política monetária mais restritiva para 2025 pode reduzir as perspectivas de crescimento econômico e frustrar as atuais projeções do mercado. O VEJA Mercado é transmitido de segunda a sexta, ao vivo no YouTube, Facebook, Twitter, LinkedIn e VEJA+, a partir das 10h.
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