O duro recado de um gestor de fundos sobre falas destemperadas de Lula
VEJA Mercado: ataque do presidente eleito ao mercado está provocando estresse generalizado na bolsa
Um importante gestor de fundos com vasta experiência internacional disse que o Congresso vai “salvar” o país do que chamou de “barbeiragem” que o Executivo está tentando fazer ao “empurrar uma PEC com rombo fiscal estimado em quase 200 bilhões de reais”. Para ele, a proposta entregue pelo governo eleito que prevê um furo no teto de gastos será aprimorada nas discussões da Câmara dos Deputados e no Senado.
“Essa barbeiragem do Executivo vai ser salva pelo Congresso, que, quer queira ou não, ouve os empresários e os atores do mercado financeiro. Esse Legislativo é mais fiscalista e responsável do que o governo. Então, acho que o que vai sair será algo melhor do que a proposta que está entrando”, diz, sob condição de anonimato. Entre diversas críticas, no entanto, ele tenta esboçar uma visão positiva sobre a reação do mercado às falas recentes do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Eu acho que o governo é bem intencionado e vai aprender com esses sinais do mercado. Ele tem de entender que não dá para fazer o que quer, que não vai ter cheque em branco.”
Para o influente investidor, falta percepção ao governo eleito sobre os impactos da alta dos juros futuros e do dólar no dia a dia da população menos favorecida. “Quando o dólar sobe, isso afeta as pessoas de baixa renda, porque aumenta o preço do trigo, do pão, o aluguel, o combustível e o custo do crédito. A alta do dólar não afeta só o mercado financeiro”, exemplifica. “Não dá para dizer que é ‘problema do mercado’, que é ‘mi-mi-mi’. O mercado é um termômetro e ele tem que ser usado pelos políticos como um sinal. Se o dólar e a taxa de juros longa estão subindo, isso é um sinal de que a temperatura está aumentando, e isso não é bom. Eles podem achar que no mercado tem especuladores, mas a oscilação do mercado afeta no bolso das pessoas que eles querem ajudar”. Por fim, ele diz que os investidores precisam se acalmar já que “o que um político fala não se escreve”.