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Bolsa fecha o primeiro trimestre no vermelho, apesar de alta na semana

Gestos cautelosos dos bancos centrais americano e brasileiro pautam o mercado

Por Felipe Erlich Atualizado em 3 jun 2024, 17h05 - Publicado em 30 mar 2024, 10h36

VEJA Mercado | Fechamento da semana | 25 a 29 de março

O saldo do mês de março não foi positivo para o mercado financeiro, com seu principal índice, o Ibovespa, encerrando o período em leve queda acumulada de 0,71%. O resultado mensal foi superior ao de janeiro, quando a perda ficou em cerca de 3,7%, mas pior do que o registrado em fevereiro, quando houve alta de praticamente 1%. Com isso, o Ibovespa caiu quase 3,5% no primeiro trimestre de 2024. Por mais que ruim, o resultado foi melhor do que o do mesmo período do ano anterior, quando o índice desabou 7,2% nos primeiros três meses do então recém empossado governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Já o dólar, que desde então chegou a uma mínima de 4,73 reais, em julho de 2023, voltou ao patamar de 5 reais, onde se encontra neste fim de trimestre.

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No último pregão, dados do PIB americano jogaram contra o Ibovespa. Uma economia mais aquecida nos Estados Unidos indica que o Federal Reserve (Fed), o banco central local, pode ser mais cauteloso para cortar seus juros. No entanto, os números mais recentes da inflação americana, divulgados na sexta-feira, 29, vieram “em linha com as expectativas” do Fed, segundo o presidente da autarquia, Jerome Powell. O Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) teve alta de 0,3% em fevereiro. O núcleo do índice subiu 2,8% nos últimos 12 meses, sendo que o Fed quer reduzir esse percentual para 2%. Trata-se do indicador mais importante para a autoridade monetária definir sua política de juros, como o IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, no caso brasileiro.

No Brasil, o Banco Central divulgou a ata da última reunião de seu Comitê de Política Monetária, o Copom, na terça-feira, 26. A autarquia reforçou que há espaço para mais cortes na Selic, agora em 10,75% ao ano, a partir da reunião de maio. No entanto, o banco se mostrou cauteloso em relação à inflação de serviços e, portanto, parece menos simpático a cortes maiores. O IPCA-15, considerado a prévia da inflação, de março ficou em 0,36%, levemente acima do que era previsto pelos analistas de mercado. Com o endurecimento da postura do BC, a possibilidade de um corte de 0,5 ponto percentual na Selic fica mais distante.

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Em paralelo, o mercado de trabalho se mostra aquecido, como apontado pelos últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O Brasil criou 306 mil postos de trabalho com carteira assinada em fevereiro. “Peço para que o Banco Central não se assuste”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quarta-feira, 27. De todo modo, o mercado aposta em uma inflação de 3,75% em 2024, abaixo do teto da meta, de 4,5%, segundo o último Boletim Focus, divulgado pelo BC. Também é esperado que a Selic encerre o ano em 9% ao ano, ou seja, 1,75 ponto percentual abaixo do patamar atual. Por ora, a meta está a total alcance do BC, mas o banco não tira os olhos da inflação, como é seu dever.

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