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Negócios, Mercados & Cia
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“O poder de consumo do brasileiro seguirá em baixa”

Diretor da Alelo, Márcio Alencar diz que movimento fraco na Black Friday pode se repetir nas festas de fim de ano

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 dez 2022, 10h15

O resultado das vendas aquém do esperado durante a Black Friday acendeu o sinal de alerta e pode se repetir durante o Natal e fim de ano, tradicionalmente o segundo melhor período do ano para o varejo no País (só costuma perder para o Dia das Mães). A avaliação é de Márcio Alencar, diretor de Negócios da Alelo, bandeira especializada em benefícios, incentivos e gestão de despesas corporativas. “A associação entre os juros altos e o alto índice de famílias endividadas nos leva a crer que o poder de consumo do brasileiro seguirá em baixa, e a Black Friday está aí para confirmar isso. A projeção é de que se repita também no Natal e nas festas de final de ano o que vimos agora em novembro”, disse ele, em conversa com a coluna.

Na semana que vem, a empresa vai divulgar novos resultados de pesquisa sobre consumo em supermercados e restaurantes, agora referentes a outubro. Feita em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a sondagem já havia mostrado em setembro certa cautela do consumidor no boca do caixa. Só no caso dos restaurantes, o valor total gasto no mês foi 34,5% menor do que o observado no mesmo mês de 2019 (antes, portanto, do início da pandemia), já descontada a inflação.

A Black Friday teve recuo inédito de mais de 20% nas vendas neste ano, levando analistas a revisar para baixo as previsões de desempenho do comércio no fim do ano, em especial no Natal – segundo maior momento de vendas, perdendo apenas para o Dia das Mães. A que atribui esse resultado?

Acredito que isso se deva a uma insegurança financeira que ainda estamos passando no País, atrelada também à alta da taxa Selic que, desde a última edição da Black Friday, quase dobrou e que acarretou o encarecimento do preço dos produtos, em sua grande maioria de bens duráveis. Como consequência, vemos que isso reduziu drasticamente o poder de consumo da população. Vimos também que a Copa do Mundo pode ter dispersado a população para as ofertas que eram oferecidas, o que fez com o foco não estivesse, de fato, nas promoções.

O índice divulgado por vocês referente a setembro já mostrava que o comércio (supermercado e restaurantes) enfrentava uma estagnação no consumo. Inflação e juros altos são responsáveis? Ou seja, o brasileiro mudou seu hábito de consumo e está mais comedido? 

A estabilidade que temos notado é no curto prazo, ou seja, os últimos meses. A maior parte da inflação se deu no passado que, por sua vez, pressionou mais supermercados do que os serviços. O que vemos hoje é que a pandemia provocou uma migração do consumo de alimentos de restaurantes para supermercados e, desde a reabertura, esse processo sofreu uma reversão, muito por conta de as pessoas estarem voltando a frequentar ambientes e eventos sociais, indo ao trabalho presencial etc. Outro ponto importante a ressaltar é que o aumento do turismo tende a impulsionar bares e restaurantes. Mais recentemente, com “a volta ao novo normal”, esses estabelecimentos também passaram a repassar aumento de custo aos trabalhadores. Em suma, o que os índices mostram é que estamos no “pós-pandemia” e que tanto a covid-19 quanto a inflação ainda exercem efeitos sobre o consumo. A verdade é que o brasileiro tende a se adaptar às suas condições financeiras, seja fazendo trocas entre produtos, reduzindo produtos mais caros, freando gastos desnecessários, etc.

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Como vê o comportamento do brasileiro, consumidor, diante do acúmulo de datas como Black Friday, Copa do Mundo, Natal e fim de ano – datas historicamente espaçadas. O acúmulo de datas que incentivam o consumo impacta o comércio de forma negativa, na medida em que é um único bolso para tantas datas em curto espaço de tempo?

Pelo que vimos, sim. A associação entre os juros altos e o alto índice de famílias  endividadas nos leva a crer que o poder de consumo do brasileiro seguirá em baixa, e a Black Friday está aí para confirmar isso. A projeção é de que se repita também no Natal e nas festas de final de ano o que vimos agora em novembro.

Voltamos, enfim, ao Natal das lembrancinhas?

A Black Friday gerou expectativas a respeito do adiantamento das compras do Natal, mas como falamos anteriormente ficou abaixo do esperado. Ainda que haja uma expectativa dos comerciantes acerca dessa data, acredito que o consumidor vai pensar duas vezes antes de gastar com presentes, dado o alto  grau de incerteza política e sem melhora na renda a curto prazo, o que leva o consumidor a economizar.

Na semana que vem, vocês devem divulgar pesquisa relacionada ao mês de outubro deste ano. O que vem por aí nesse índice? O que ele tem demonstrado sobre o comportamento do brasileiro nos supermercados e restaurantes? 

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Não vemos uma mudança significativa pela frente, talvez comecemos a sentir uma melhora nesses segmentos nos meses de novembro e, principalmente, em dezembro dado a sazonalidade natural.

O que se aprendeu até agora com esse índice?

Temos importantes lições até agora, mas sem dúvida a principal é a mudança de comportamento do consumidor em relação ao consumo de alimentos fora do lar que, mesmo depois do controle da covid, ainda não se recuperou ao estágio pré-pandêmico. Nossa leitura é de que o modelo híbrido de trabalho nos grandes centros urbanos chegou para ficar, e isso traz um impacto para bares e restaurantes.

2023 está aí. O que esperar para os primeiros cem dias de novo governo?

Ainda há muitas incertezas para o próximo ano, sobretudo sobre o Auxílio Brasil, que hoje complementa a renda familiar de muita gente. O alto nível de endividamento, que hoje compromete quase 29% da renda dos brasileiros, com certeza vai ditar o comportamento do consumidor em 2023. Há também a redução na projeção do PIB para o próximo ano, que deve ficar abaixo de 1%, segundo os analistas de mercado, o que implica diretamente na desaceleraçãono desempenho de consumo.

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