Déficit público: mercado financeiro já precifica o ano de 2024
Cauteloso com o gasto público em 2024, Faria Lima acredita que o governo Lula chegará até R$ 120 bilhões, abaixo dos R$ 177 bilhões previstos para este ano.
O mercado financeiro já precificou o déficit público do segundo ano do governo Lula. Segundo especialistas ouvidos pela coluna, as projeções ficam entre R$ 80 bilhões e R$ 120 bilhões, um pouco abaixo do resultado previsto para este ano. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva prevê encerrar o primeiro ano de mandato com um rombo de R$ 177,4 bilhões nas contas públicas, uma piora em relação à estimativa anterior e ainda longe da meta traçada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), de entregar um déficit de até 1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2023.
O déficit fiscal no Brasil deve ter um aumento de 40% em relação a 2022. Até o momento, as contas públicas registram um déficit de R$ 114 bilhões no acumulado do ano. Esse montante equivale a 1,08% do PIB, acima do 0,97% registrado até setembro. No mês, o resultado foi de um superávit de R$ 14,8 bilhões. Os impactos negativos dessa situação podem ser divididos em três categorias principais, segundo especialistas:
- Economia de escolha: O déficit fiscal pode levar a uma economia de escolha, situação em que o País não consegue investir em áreas importantes de desenvolvimento, como saúde, educação e infraestrutura, devido à necessidade de alocar recursos para pagar débitos externos e internos;
- Aumento do desemprego: O déficit fiscal pode resultar no aumento do desemprego, já que o governo precisa economizar em algumas áreas para pagar os débitos. Isso pode levar a uma redução na oferta de trabalho e, consequentemente, um aumento do desemprego. Ou seja, os investimentos do governo podem aquecer a economia e, com isso, levar ao aumento de postos de trabalho. Mas, no sentido contrário, se isso não acontecer, provoca o aumento no desemprego em vários setores como infraestrutura, com efeito cascata; e
- Redução do PIB: O déficit fiscal pode reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) do País, pois o governo precisa economizar em áreas importantes de investimento para pagar os débitos. Isso pode levar a uma redução no PIB.
Enfim, não há milagres. Quem gasta mais do que recebe – todo assalariado sabe disso –, fica devendo. E paga juros exorbitantes por essas dívidas. Não é diferente no caso do governo, cujo discurso de controle de gasto ainda é visto com desconfiança por boa parte do mercado financeiro.