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Por Marcos Fava Neves
De alimentos a energia renovável, análises sobre o agronegócio
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O papel da irrigação para eficiência produtiva do agro

O uso racional dos recursos hídricos promove rentabilidade e sustentabilidade

Por Marcos Fava Neves
Atualizado em 4 jan 2024, 11h55 - Publicado em 4 jan 2024, 11h54

A agricultura é intrinsecamente dependente da água, um recurso vital para o desenvolvimento e a produção saudável das plantas. Embora a chuva seja a principal aliada da produção de alimentos, há uma tecnologia complementar bastante relevante: a irrigação. Por meio dessa prática, é possível assegurar que as culturas recebam a quantidade necessária de água, independentemente das variações climáticas.

A irrigação vai além da simples complementação da chuva, uma vez que possibilita o cultivo em estações do ano onde não seria possível a produção. Se hoje falamos em produzir alimentos duas ou três vezes (segunda ou terceira safras) em um mesmo ano, a irrigação tem papel vital nesse cenário, provendo água em períodos de seca contínua; ou mesmo em regiões onde a chuva é escassa durante todo o ano (exemplo da transposição do Rio São Francisco no Nordeste).

As práticas de irrigação no Brasil tiveram início entre o fim do século XIX e o início do século XX, com lavouras de arroz do Rio Grande do Sul. A irrigação agrícola já está presente em culturas como cana-de-açúcar, milho, soja, café, feijão, hortícolas, entre outras. Com 8,2 milhões de hectares de área irrigada, segundo dados da ANA (Agência Nacional de Águas), o Brasil já destaca como o sexto país com maior área equipada no mundo, ficando atrás apenas de China, Índia, Estados Unidos, Paquistão e Irã.

A evolução da irrigação agrícola é notável, variando desde métodos tradicionais até tecnologias de última geração, com adaptações desenvolvidas para cada área e tipo de cultura. O método mais versátil é a aplicação por aspersão (1), que utiliza um sistema de tubulações e aspersores para lançar água sobre as plantações simulando uma chuva. Na irrigação por gotejamento (2), a água é fornecida diretamente ao solo por meio de tubos perfurados ou mangueiras que depositam gotas de água diretamente na região da raiz, promovendo eficiência no uso da água. Já em grandes culturas como grãos, a irrigação por pivô central (3) é a preferência dos produtores, uma vez que a estrutura sobre rodas consegue irrigar grandes áreas. Por fim, na irrigação subterrânea (4), a água é fornecida diretamente às raízes por meio de tubos enterrados no solo, uma alternativa para minimizar a perda de água por evaporação.

Um dos benefícios econômicos mais evidentes da irrigação é o aumento substancial da produtividade nas lavouras. Ao fornecer água de forma controlada e eficiente, os agricultores conseguem otimizar o crescimento das plantas, garantindo colheitas mais abundantes e de melhor qualidade. Apesar dos gastos iniciais para implementar os sistemas de irrigação, o investimento é retornado no médio e longo prazo, evidenciando a necessidade de um olhar holístico e do planejamento para obtenção do sucesso.

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No aspecto social, a busca por métodos mais eficientes de irrigação impulsiona a inovação e o desenvolvimento de tecnologias avançadas, criando oportunidades e gerando empregos especializados. Além disso, com uma produção agrícola robusta, as comunidades rurais prosperam, gerando empregos e estimulando o desenvolvimento econômico local. Em consequência da maior oferta de alimentos gerada pelo uso dos métodos de irrigação, ocorre maior garantia de segurança alimentar global e das comunidades locais.

Além da redução do desperdício de água, a irrigação também oferece outros benefícios ambientais. Utilizada da forma adequada e sustentável evita problemas como a erosão do solo, contribuindo para a preservação das camadas férteis e da saúde deste. Porém, a vantagem ambiental mais significativa é a possibilidade de reutilizar, duas ou até três vezes, a mesma área para cultivo de outras culturas no mesmo ano, prática conhecida como sucessão de culturas.

A irrigação é essencial nesse processo pois, sem ela, não haveria recursos hídricos suficientes para as plantas se desenvolverem em estações de falta de chuvas. Nos últimos 30 anos, já são mais de 30 milhões de hectares reutilizados com essa prática no agro brasileiro, reduzindo a necessidade de expandir a área agrícola. Há ainda muitas oportunidades abertas com irrigação para que seja possível novas áreas se habilitarem a uma segunda e terceira safra, possibilitando com que o Brasil siga crescendo de forma sustentável no fornecimento mundial de alimentos.

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinicius Cambaúva e Rafael Rosalino.

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