Como Haddad convenceu Lula a manter déficit zero
O ministro da Fazenda conseguiu a meta fiscal para 2024, depois de muito suor

Mesmo desautorizado por Lula há três semanas, o ministro da Fazenda não desistiu. O presidente afirmou com todas as letras que “dificilmente” a meta de déficit zero seria alcançada. Haddad, no entanto, acabou convencendo Lula de que manter o objetivo fiscal, até março, seria a melhor solução para que o rombo não fosse ainda maior no ano que vem.
A coluna ouviu que a tarefa de Fernando Haddad foi complicada. Mas dois pontos levaram o ministro a conquistar a vitória momentânea: sair da disputa política envolvendo a questão e apresentar dados técnicos ao presidente.
Nos últimos dias, Haddad se dedicou a mostrar números para que Lula entendesse que jogar a toalha logo agora faria com quem o déficit aumentasse em 2024, o que poderia levar a um cenário pior do que de 0,5%, como tem defendido a ala política do governo, chegando a até 1%.
Se o governo admitisse agora que não conseguiria manter o prometido, o empenho do Congresso não seria tão eficaz para aprovar alguns projetos que podem aumentar a arrecadação.
O próprio ministro sabe que a meta atual é de fato quase impossível de ser alcançada. O que ele defende é manter como está para garantir mais receitas e evitar um estrago maior para o equilíbrio das contas públicas.
Outra questão que preocupa Haddad é o marco fiscal que foi aprovado. Se o governo mudasse a meta, a nova âncora fiscal perderia credibilidade logo de cara. Seria um sinal ruim para o mercado.
Ponto para o ministro, que tem deixado rixas políticas de lado para um debate técnico. Enfim, conseguiu. E está “muito mais leve”, me disse um interlocutor.