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Maílson da Nóbrega

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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Marina tem boa ideia sobre nomeações para cargos públicos

Proposta ataca uma das principais deficiências do serviço público, que tem 25.000 cargos de indicação política apenas no governo federal

Por Maílson da Nóbrega 24 jun 2018, 10h50

Em entrevista na Folha de S. Paulo de hoje, Marina Silva defendeu, caso seja eleita, a constituição de uma “banca de seleção” incumbida de escolher indicados para ocupar postos estratégicos na administração federal. Funcionários de carreira terão prioridade em ministérios, estatais e agências de regulação.

A proposta ataca uma das principais deficiências do serviço público brasileiro, que tem 25.000 cargos de indicação política apenas no governo federal. Se considerados os estados e municípios, a conta passa facilmente dos 50.000. Além disso, a escolha costuma frequentemente recair em pessoas sem as qualificações para o exercício dos cargos.

Além das ineficiências que daí decorrem, ressalta a descontinuidade, que é uma das fontes de desperdício de tempo, talentos e recursos. A dança frequente das cadeiras, mesmo que ocupadas por pessoas competentes, gera alteração de programas, metas e processos. Servidores de carreira são desestimulados por terem que lidar com ordens (ou a falta delas) oriundas de pessoas despreparadas para liderá-los.

Marina precisaria explicitar a “prioridade” para funcionários de carreira. Mesmo os que condenam o atual método de escolha acham que caberia reservar os cargos exclusivamente para servidores de carreira. Seria consertar um erro com outro. Isso criaria feudos e inibiria a participação de especialistas de fora, os quais, se bem selecionados, podem contribuir para oxigenar o ambiente e para inovar métodos e processos.

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Marina provavelmente conhece a história do serviço público britânico. Por isso, deveria examinar como lá são feitas as escolhas. O Reino Unido foi o primeiro país ocidental a profissionalizar carreiras do setor público e a instituir métodos impessoais de escolha (os chineses já haviam feito isso com seus mandarins, séculos antes).

A origem do serviço público britânico é o relatório Northcote-Trevelyan, de 1854. Stafford H. Northcote era um parlamentar que depois virou Chancelor of the Exchequer (o ministro da Fazenda) e C. E. Trevelyan era o secretário permanente do Tesouro, uma espécie de secretário executivo de ministério no Brasil.

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No Reino Unido, dependendo de como se faz a conta, há apenas entre 100 e 300 cargos de indicação política, incluídos os ministros e assessores diretos. As escolhas para os cargos são feitas por comissões independentes, constituídas em sua maioria de especialistas provenientes do setor privado.

Para os “postos estratégicos”, como diz Marina, há a participação de consultorias privadas especializadas (head hunters), que selecionam os melhores para as posições, considerando candidatos do serviço público permanente e de fora dele. Por exemplo, o equivalente a Secretário da Receita Federal (o Inland Revenue Service) e semelhantes são escolhidos com a colaboração dessas consultorias.

Na escolha britânica, não há prioridade para servidores de carreira. Marina precisa incluir essa condição para que sua proposta de modernizar o nosso serviço público seja a melhor possível.

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