Terceira via travará guerra no Senado para derrubar projetos de Bolsonaro
Senadores querem manter independência e barrar projetos eleitoreiros; PSD será o fiel da balança
Enquanto tudo parece caminhar bem e a toque de caixa na Câmara dos Deputados, onde o presidente Arthur Lira tem domínio da cena e consegue garantir maioria para aprovar o que quiser, a terceira via se articula fortemente nos bastidores para derrubar os principais projetos de Bolsonaro que chegarem ao Senado. Isso inclui a famigerada reforma do imposto de renda, a reforma administrativa, a reforma eleitoral, a dos precatórios. Vai valer atrasar votação, atrasar relatórios, sentar nos projetos. O governo aposta suas fichas de articulação no senador Ciro Nogueira (PP), que agora é o ministro-chefe da Casa Civil. Mas o problema no Senado é que, diferentemente dos deputados na Câmara, que são mais dependentes dos partidos e das emendas de Orçamento de Lira, os senadores são donos dos seus mandatos, boa parte não estará disputando as eleições no ano que vem e viram na CPI da Covid a bandeira da independência.
Publicamente eles não vão admitir, porque não é popular, mas qualquer projeto que faça malabarismos no Orçamento para liberar recursos eleitoreiros a programas de renda, por exemplo, vai ter dificuldades para passar. Sem contar os projetos como o do voto impresso. Segundo diversos articuladores ouvidos pela coluna, o fiel da balança é o PSD. Junto com o Podemos, o PSD mostrou seu poder em votações como a da Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Medida Provisória da Eletrobras, que levaram o governo a suar para conseguir maioria. A bancada do partido tem 11 senadores e o presidente do partido, Gilberto Kassab, faz assédio público para filiar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, hoje no DEM. Kassab coloca o nome de Pacheco como candidato a presidente da República e pode usá-lo como moeda de troca para conseguir uma candidatura a vice em chapa até mesmo com o PT.