Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Selic baixa, o novo padrão

Mudanças estruturais asseguram juros baixos permanentes

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 22 nov 2019, 10h05 - Publicado em 22 nov 2019, 06h00

Até recentemente, a taxa de juros básica do Banco Central (BC) era uma das mais altas do planeta. Os que o acusavam de estar a serviço dos banqueiros desconheciam que o BC não tinha espaço para reduzir a Selic, como se reivindicava, a não ser que pusesse a perder a meta para a inflação, irresponsavelmente.

Eis que a Selic está em 5%, e deve cair em dezembro para 4,5%. Os mais otimistas a estimam em 4% em 2020. É uma agradável surpresa. Em janeiro de 2016, a pesquisa Focus do BC apontava estimativa da taxa Selic de 11% no fim de 2019. O que aconteceu?

A resposta está em um longo processo, cujos marcos iniciais são o Plano Real (1994), a criação do Comitê de Política Monetária (Copom) — que institucionalizou o processo de decisão sobre a Selic (1996) — e o regime de metas para a inflação (1998). A Selic se tornou o principal instrumento de controle da inflação. O BC adquiriu a capacidade de ancorar expectativas e, assim, cumprir metas.

A partir de 2016, no governo Temer, vieram três medidas fundamentais. A primeira foi o teto de gastos, que interrompeu o crescimento insustentável das despesas federais. O Tesouro caminhava para a insolvência e o calote nos credores. Quanto menor o risco, como se sabe, mais baixa a taxa de juros.

O benefício ainda não chegou de todo a quem toma crédito. O BC vem tentando melhorar a situação

Continua após a publicidade

A segunda foi a nova taxa de juros de longo prazo (TLP), que eliminou subsídios nas operações do BNDES. A terceira foi a determinação para que o BNDES começasse a devolver os 500 bilhões de reais transferidos pelo Tesouro para que o banco fornecesse crédito a juros camaradas.

Antes, metade do crédito da economia não era influenciável pela taxa Selic. Imagine um sistema hidráulico de dois canais para abastecer uma caixa-d’água. Se um deles estiver entupido, a bomba precisará ter o dobro da potência. Mal comparando, a Selic tinha de ser duplicada para provocar o mesmo efeito na inflação.

No governo Bolsonaro, a reforma da Previdência contribuirá para preservar o teto de gastos e atenuar o risco de insolvência do Tesouro. A inflação abaixo da meta pelo terceiro ano consecutivo ajudou a viabilizar a forte queda da Selic.

Salvo o imponderável, a Selic historicamente baixa pode ser o novo padrão, suficiente para garantir a inflação na meta. Esse cenário se deve às medidas estruturais mencionadas, que elevaram a potência da política monetária.

Continua após a publicidade

O benefício ainda não chegou de todo a quem toma crédito. Queda maior depende de redução do spread bancário (diferença entre a taxa de captação de recursos e a de concessão de crédito). Para que isso ocorra, é necessário eliminar tributos sobre transações financeiras (esquisitice brasileira), elevar a concorrência entre bancos e reduzir a inadimplência.

No Brasil, recuperam-se apenas 15% dos empréstimos não pagos, o que explica 37% do spread, em parte decorrente da condescendência do Judiciário com devedores relapsos. A recuperação é de 39% na América Latina e de 73% nos países da OCDE. O BC vem tentando melhorar a situação. Seja como for, Selic baixinha é para comemorar.

Publicado em VEJA de 27 de novembro de 2019, edição nº 2662

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.