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Maílson da Nóbrega

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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história

Impostos: aumento é opção de menor dano

Cortar gastos para evitar o aumento exige difíceis reformas constitucionais. Mesmo que fossem aprovadas, elas não chegariam a tempo. Inês estaria morta

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 18h46 - Publicado em 20 jul 2017, 11h08

Na quase totalidade dos casos, aumento de impostos tende a reduzir a produtividade e o potencial de crescimento da economia. Em um país como o Brasil, onde a carga de tributos é obsoleta e incompatível com nosso estágio de desenvolvimento, elevar impostos pioraria o quadro e prejudicaria ainda mais o desenvolvimento do país. Seria cruel.

Acontece que a situação fiscal em que o PT deixou o país nos diz que a elevação de impostos, neste momento, é a saída menos danosa. Defendi essa ideia há quatro meses neste espaço (Será difícil evitar o aumento de impostos). Está cada vez mais claro que não será possível atingir a meta de superávit primário para 2017 (R$ 139 bilhões) sem aumento de arrecadação. A meta teria que ser abandonada. Um sinal horroroso.

De fato, a desistência da meta aceleraria a relação entre a dívida pública e o PIB, sinalizando o descontrole fiscal. Voltaríamos à situação do final do governo Dilma e jogaríamos por terra toda a credibilidade conseguida pelo governo com medidas e propostas nesse campo (teto de gastos e projeto de reforma da Previdência).

Desistir do teto de gastos seria o passo seguinte. A relação entre a dívida e o PIB ingressaria em trajetória explosiva. Caminharíamos para a insolvência fiscal e para a “dominância fiscal”, isto é, a situação em que o descontrole fiscal bloqueia a capacidade do Banco Central de assegurar a estabilidade da moeda. O ato final da tragédia seria o descontrole inflacionário. Poderíamos voltar rapidamente aos tempos de antes do Plano Real.

Os críticos da medida são bem-intencionados, mas mal informados. Na maioria, dizem que antes de aumentar os impostos o governo deveria cortar gastos como transferências a estados e municípios que esbanjam recursos públicos, reduzir salários do funcionalismo, eliminar privilégios das corporações, privatizar estatais e por aí afora. Poucos não assinariam em baixo dessa agenda.

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Ocorre que tais medidas dependem de reforma da Constituição. Mesmo que viáveis, levariam anos para produzir efeitos fiscais positivos. Até lá, Inês estaria morta e o Brasil teria retrocedido mais na sua posição relativa perante a economia mundial.

Em resumo, aumentar impostos é ruim e prejudica a economia, mas o descontrole fiscal seria pior. Os empresários que protestam contra a medida enfrentariam uma situação gigantescamente pior nos mercados de seus produtos.

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