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Novo remédio traz esperança às vítimas da hepatite C

Por The New York Times
26 Maio 2010, 14h01

Testes com uma droga experimental contra a hepatite C têm animado a comunidade médica nos Estados Unidos. O medicamento Telaprevir, da Vertex Pharmaceutical, aumentou o índice de cura da doença em ensaios clínicos, além de reduzir o tempo gasto com o tratamento. Para os especialistas, os resultados podem levar a uma nova era no combate a um mal geralmente negligenciado, mas que pode ser fatal e atinge 170 milhões de pessoas em todo mundo.

Cerca de 75% dos pacientes que se submeteram aos testes com doses do remédio da Vertex em combinação com o tratamento tradicional foram curados, ante 44% dos que receberam apenas a terapia comum. Os resultados superaram as expectativas. As ações da Vertex subiram 12% em poucas horas, depois que a companhia anunciou os resultados.

Yaron Werber, analista do Citigroup, estima que as vendas globais do Telaprevir possam chegar a 3 bilhões de dólares anuais até 2015. A droga deve tornar a Vertex rentável, depois de duas décadas de perdas, incluindo um prejuízo de 1,5 bilhão de dólares apenas nos últimos três anos. “Esses dados apoiam a visão de que iremos alterar fundamentalmente o tratamento para hepatite C,” disse Robert Kauffman, diretor médico da Vertex, em uma teleconferência com analistas de mercado.

Os resultados mantêm a Vertex na linha de frente de um dos mais ferozes campos de batalha do setor farmacêutico. A Merck deve anunciar resultados do estágio final de testes com uma droga similar, o Boceprovir, ainda este ano. Além disso, várias outras empresas, de gigantes farmacêuticas a pequenos laboratórios, seguem na disputa. Ambos os medicamentos bloqueiam uma enzima conhecida como protease, que é produzida pelo vírus da hepatite.

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A maioria das outras drogas em estudo também trabalha bloqueando enzimas virais. A abordagem antiviral direta tem sido usada com grande sucesso no tratamento do HIV e da Aids. A Vertex afirmou que espera os resultados de dois ensaios da fase 3 do Telaprevir no terceiro trimestre. Em seguida, vai pedir à Food and Drug Administration (A FDA, o órgão regulador americano para remédios e alimentos) a aprovação da droga.

Entre 2,7 milhões e 3,9 milhões de americanos têm hepatite C e 12.000 pessoas morrem por ano por causa da doença, de acordo com um recente relatório do Instituto de Medicina. A enfermidade pode causar cirrose e câncer no fígado. O vírus é transmitido pelo sangue e algumas pessoas contraem a doença em transfusões ou pela injeção de drogas. O tratamento atual é uma combinação de injeções de alfa-interferon e ribavirin.

Não está claro como essas drogas atuam. Em pacientes com o tipo mais comum nos Estados Unidos, conhecido como Genótipo 1, o tratamento costuma durar um ano e causa efeitos colaterais que incluem sintomas parecidos com os da gripe, anemia e depressão. É tão pesado que muitos pacientes preferem não seguir o tratamento, ou desistem dele antes do final.

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No teste da Vertex, cerca de 70% dos pacientes chegaram à cura em 24 semanas, ou seis meses de tratamento. O tempo curto, aliado a uma alta chance de sucesso, pode levar mais pessoas a buscar tratamento. “Se você pode prometer que em seis meses haverá uma razoável chance de cura isso é um avanço significativo” disse Scott L. Friedman, chefe da divisão de doenças do fígado da escola de medicina do Hospital Mount Sinai, em Nova York. Caso seja aprovado, o Telaprevir deverá ser utilizado com associado ao tratamento atual para impedir que o vírus crie resistência ao remédio. Mas os especialistas esperam que, eventualmente, algumas das novas drogas em desenvolvimento possam ser usadas em conjunto, tal como no tratamento da Aids, o que dispensaria o uso do interferon.

O teste clínico da Vertex envolveu 1 095 pacientes com o Genótipo 1 da hepatite C nos Estados Unidos e no exterior que não haviam passado por tratamento prévio. Eles receberam por doze ou oito semanas tratamento com Telaprevir ou placebo. A terapia tradicional e ribavirin foram utilizadas por 24 ou 48 semanas, de acordo com a evolução dos pacientes depois de quatro e doze semanas. Entre os que receberam telaprevir por doze semanas, 75% tiveram uma resposta satisfatória, o que significa que o vírus não foi detectado no sangue depois de 24 semanas de tratamento. Para os médicos, isso é essencialmente uma cura.

Para os que receberam telaprevir por oito semanas a taxa de cura foi de 69%. A droga pode causar erupções cutâneas e aumentar o nível de anemia. Lorren Sandt, responsável por um grupo de apoio a doentes de hepatite viral, afirmou que os resultados são expressivos. “A comunidade espera que o telaprevir seja aprovado pela FDA e seja acessível para todos”, disse ela. A Vertex não definiu o preço do remédio. Mas analistas acreditam que o custo com o medicamento possa chegar a milhares de dólares ao longo do tratamento.

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