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Os limites do Facebook

Autor de 'O Efeito Facebook' diz que serviço ajuda a derrubar ditaduras, mas não constrói democracias, e que empresa possui dados demais sobre usuário

Por Paula Reverbel
7 out 2011, 21h29

O jornalista e escritor americano David Kirkpatrick ficou conhecido por seu livro O Efeito Facebook, em que narra a história da fundação da rede social com um auxílio tão raro quanto luxuoso: Mark Zuckerberg, criador do serviço. A obra lhe deu fama, mas também muitas críticas. Os detratores o acusam de apresentar uma história parcialmente favorável a Zuckerberg. Kirkpatrick é, de fato, um estusiasta do potencial da rede, como fica claro na entrevista a seguir. “Zuckerberg é uma pessoa resolutamente voltada para o mundo”, diz o escritor. “Ele quer construir um serviço para todos.” Contudo, decepcionando os críticos, ele pontua os elogios com críticas. A primeira é dirigida a limitações do serviço. Segundo Kirkpatrick, o Facebook pode ajudar cidadãos a derrubar ditadores, como se viu no Egito e na Tunísia, mas ainda não consegue auxiliá-los a erigir democracias. A crítica mais dura, no entanto, é voltada à crescente influência da rede social sobre as interações entre usuários – o que deve se intensificar com as novidades anunciadas recentemente por Zuckerberg, como o compartilhamento de vídeos e músicas dentro do site e a Timeline, espaço em que o usuário poderá adicionar informações sobre toda a sua vida, desde o nascimento. “O lado negativo disso é que uma única companhia terá uma influência muito grande sobre as interações sociais na web”, diz. Leia os principais trechos da entrevista a seguir.

Como que o senhor interpreta as recentes mudanças no Facebook? O Facebook está expandindo sua capacidade de fornecer serviços aos usuários. Agora, será possível, por exemplo, assistir a um filme com um amigo. Por outro lado, a Timeline permitirá fazer uma retrospectiva de sua vida. As mudanças revelam que a rede social pretende ter um olhar mais amplo sobre a vida do usuário. O propósito continua sendo possibilitar que você compartilhe coisas com seus amigos. As pessoas por trás do Facebook são notavelmente ambiciosas: elas estão determinadas a construir a camada social da internet. Zuckerberg é uma pessoa resolutamente voltada para o mundo, para o global, ao contrário de vários americanos, que costumam se focar mais no próprio território. Ele quer construir um serviço para todos.

Se o Facebook atingir seu objetivo – a conexão ilimitada entre indivíduos -, quais as consequências para nosso dia a dia? Obviamente, o Facebook oferece meios para que os usuários se organizem para propósitos políticos. Isso tem um impacto social muito forte. Temos protestos políticos aparecendo por todo o mundo, organizados pelo Facebook. O usuário emite uma posição e seus amigos concordam ou discordam dele. Uma ideia pode se tornar poderosa em pouco tempo, sem que um partido político esteja envolvido. Isso dá poder ao usuário, reestrutura a relação entre indivíduos e instituições e faz com que estruturas hierárquicas tenham menos poder. Por outro lado, cidadãos e consumidores passam a ter mais poder. Governos que não sejam admirados pela população terão mais dificuldades para governar. Isso tudo é muito bom e muito impressionante. O problema é que ainda não existem canais que possam construir um desfecho positivo para a movimentação no Facebook. Por exemplo, o governo do Egito caiu com a ajuda do Facebook, mas a rede social não ajudou os egípcios a construir um novo governo.

O Facebook parece ter a ambição de ser uma espécie de internet dentro da internet, onde será possível assistir a filmes, ouvir música, jogar games e se expressar. Quais são os aspectos positivos e negativos disso? O lado positivo é permitir que pessoas compartilhem mais coisas umas com as outras. O lado negativo disso é que uma única companhia terá uma influência muito grande sobre as interações sociais na web. Sou fã de Zuckerberg, não duvido de sua capacidade ou de suas intenções. Porém, não é bom que uma única empresa tenha tamanho poder.

Pessoas gastam dez vezes mais tempo no Facebook do que na busca do Google. Por que a “web social” está substituindo a “web de buscas”? Não acredito que o compartilhamento ficou mais importante do que a busca. Mas as coisas realmente parecem estar caminhando nessa direção. Busca é uma atividade impessoal. Acredito que as pessoas sejam mais atraídas por outras pessoas do que por informação.

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