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Informação, a próxima fronteira dos games

O produtor uruguaio admite que o gênero newsgame ainda não decolou, mas afirma que o formato pode ser um aliado do jornalismo da era digital

Por Renata Honorato
5 jan 2013, 07h41

O produtor uruguaio Gonzalo Frasca, de 40 anos, dedicou a última década de sua carreira a um desafio: produzir os chamados newsgames – gênero que leva ao público informações noticiosas com ajuda de recursos dos jogos eletrônicos. No caminho, ele produziu, por exemplo, títulos que tentavam agregar informações a acontecimentos marcantes da história recente, como o atentado de Madri, em 2004, e o 11 de Setembro. Nos jogos, o uruguaio colocou em prática ainda conceitos desenvolvidos durante pesquisas acadêmicas realizadas na Dinamarca e no Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos. Na entrevista a seguir Frasca, que mantém uma coluna sobre games no site em espanhol da rede de TV CNN, fala sobre os desafios e o potencial do gênero: “O newsgame pode fazer pela informação hoje o que as charges políticas fizeram nos jornais do século XIX: levar assuntos complexos a um público maior”, diz.

Newsgame não é um gênero novo, mas ainda não se tornou popular. Por quê? Há algumas razões. Primeiro, os newsgames ainda são desenvolvidos por produtoras independentes, e muitos deles ainda são mais marcados pelo ativismo do que pelo jornalismo. Além disso, desenvolver um game exige habilidades que não fazem necessariamente parte do dia a dia dos jornalistas. Por fim, há também limitações financeiras: os jogos demandam investimentos relativamente altos e tempo.

Por que é difícil para um jornalista pensar em um newsgame? Isso não faz parte de sua realidade. Desenvolver um game é um processo complexo, que envolve programação, animação e música. São muitas habilidades diferentes. A maioria dos jornalistas está tão ocupada fazendo outras coisas que não consegue pensar em suportes diferentes para suas reportagens.

É um desafio, portanto? Os newsgames representam um desafio interessante ao apresentar e interpretar a notícia em um suporte diferente. Eles não podem apenas replicar outros meios, mas devem introduzir a jogabilidade, um conceito novo no jornalismo. Eu acredito que os games podem oferecer novas maneiras de interpretar um fato, mas reconheço que ainda não foram adotados de forma ostensiva pelos veículos de comunicação.

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Quais as principais diferenças entre um jogo tradicional e um newsgame? Os newsgames oferecem algo mais do que o entretenimento: eles fazem o jogador pensar sobre o assunto em questão. O newsgame pode até não contar a história inteira, mas oferece subsídios ao assunto.

Não é barato desenvolver um game. Como os veículos de comunicação podem adotar esse tipo de recurso? Os newsgames são mais baratos do que os jogos tradicionais, mas ainda assim esse valor não é baixo. Um título relativamente barato não sai por menos do que 5.000 ou 10.000 dólares, com o agravante de que pode se tornar desatualizado em poucos dias, dada a rapidez dos fatos. No Instituto de Tecnologia da Geórgia, contudo, há uma ferramenta em desenvolvimento que pode mudar esse jogo. Ela se chama The Cartoonist e permite a criação rápida e barata de um newsgame. O recurso será lançado em breve.

Que tipo de cobertura jornalística poderia se aproveitar melhor do newsgame? Qualquer tipo de reportagem pode contar com o suporte de um newsgame, não importando a área.

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Na sua visão, como os newsgames podem ajudar o jornalismo? Eu acho que eles podem expandir a forma como as pessoas exploram um assunto através da simulação. O newsgame pode fazer pela informação hoje o que as charges políticas fizeram nos jornais do século XIX: levar assuntos complexos a um público maior.

O senhor acha que o formato pode se tornar tendência no jornalismo no futuro? O jornalismo está avaliando muitas ideias e, por isso, o newsgame está sendo levado mais a sério. Somente os jornalistas, os desenvolvedores e as companhias de comunicação poderão dizer se o formato vai prevalecer ou não.

O newsgame é um assunto presente nas universidades? Muitas pessoas estão interessadas em entender melhor como os games podem ser utilizados como uma ferramenta educacional ou informativa. É aí que entra o newsgame. O ser humano aprende muito enquanto joga, especialmente os jovens. Por isso, utilizar os newsgames pode ser tão interessante.

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