Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Droga para déficit de atenção é usada para ‘turbinar’ mente

Por Natalia Cuminale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2016, 16h39 - Publicado em 17 fev 2010, 17h30

Enquanto algumas pessoas utilizam o metilfenidato para conseguir a concentração necessária para atividades cotidianas, outros usam o medicamento com o objetivo de elevar suas funções cognitivas � mesmo sem necessidade clínica comprovada. A meta é conseguir se focar e melhorar o desempenho em provas da escola, da faculdade ou até para passar em um concurso público.

Esse foi o caso da estudante Sheyla Goulart Citrangulo, de 19 anos, aluna do curso de biomedicina da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). Ela usou o remédio quando tinha 15 anos. “Eu precisava aumentar minhas notas em física e decidi que tomaria um comprimido a cada dia que tivesse aula da disciplina”, relembra. “No primeiro dia, fiquei até assustada, porque borbulhavam ideias na minha cabeça. Na aula, ao contrário dos outros dias, eu não desviava a atenção em nenhum minuto.” Resultado: as notas melhoraram, sem efeitos colaterais aparentes.

A estudante fez ainda outra investida com o metilfenidato. Dessa vez, porém, o resultado foi considerado “desastroso”. “Eu tive uma crise de nervos, chorava o tempo todo e não lembrava nada das matérias que antes eu dominava. Então, cessei o uso”, diz.

Os efeitos colaterais mais comuns para quem utiliza o metilfenidato são dores de cabeça, diminuição do apetite, irritabilidade e alteração do sono. “Isso pode ocorrer em 15% ou 20% dos pacientes que recebem a prescrição médica”, explica Luís Rohde, psiquiatra da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).

Continua após a publicidade

Em casos em que a receita médica é obtida de forma clandestima, os riscos aumentam. “Como não existe avaliação médica prévia, há risco de agravamento de problemas pré-existentes neuropsiquiátricos � como transtorno do pânico, transtorno bipolar, epilepsia – e também clínicos – hipertensão arterial, arritmias cardíacas”, diz Paulo Mattos, psiquiatra da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autor do livro No Mundo da Lua.

Em 2008, a revista científica Nature realizou uma pesquisa informal sobre o assunto junto a 1.400 leitores. Resultado: 20% deles assumiram já haviam ingerido metilfenidato e modafinil com o objetivo de melhorar a concentração e a memória. “O metilfenidato realmente melhora o desempenho cognitivo. É um fato que vem sendo discutido pelos cientistas e já deixou de ser puramente médico, tornando-se uma questão ética”, afirma Marcos Arruda, neurologista pediátrico do Instituto Glia e membro da Associação de Neurologia e Psiquiatria Infantil.

O recente salto no consumo da droga no país – quase 80% entre 2004 e 2008 – teria aí mais uma razão. “Um aumento de vendas do metilfenidato pode estar relacionado ao uso não-médico do medicamento – especialmente num país onde dezenas de milhares de pessoas vivem estudando para concursos públicos”, comenta Mattos.

Continua após a publicidade

Leia mais:

Déficit de atenção ainda é problema subestimado

Déficit de atenção: professor pode ajudar

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.