Pela 1ª vez, Vaticano vai julgar ex-arcebispo por abuso sexual
O ex-arcebispo Jozef Wesolowski é acusado de ter abusado de menores quando exercia o cargo de núncio do Vaticano na República Dominicana
Jozef Wesolowski, ex-arcebispo polonês e ex-núncio que foi destituído do sacerdócio após denúncias de abuso sexual de crianças, perdeu a imunidade diplomática e será julgado no Vaticano. Ele também poderá passar por um julgamento na República Dominicana, informou a assessoria de comunicação da Santa Sé, em Roma. Será a primeira vez que o Vaticano irá julgar criminalmente um caso de abuso sexual.
Em um comunicado divulgado na noite de segunda-feira, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, negou que o Vaticano, ao chamar Wesolowski de volta a Roma no ano passado, quando ele ainda era um diplomata em Santo Domingo, tentava encobrir o caso. “Longe de qualquer intenção de encobrimento, essa ação demonstra o compromisso pleno e direto de responsabilidade da Santa Sé, mesmo em um caso tão grave e delicado”, disse Lombardi.
Wesolowski está sendo investigado na República Dominicana, onde atuou como núncio (representante diplomático do Vaticano), sobre as acusações de pagamento de meninos para a prática de atos sexuais. Em junho, um tribunal do Vaticano destituiu o ex-arcebispo do sacerdócio, o que significa que ele foi reduzido ao status de um leigo e não pode mais ser padre.
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O Vaticano possui um sistema judiciário formal desde 1889, mas estava desatualizado e por isso foi alterado a pedido do papa Francisco, em 2013. Hoje a Justiça do Vaticano inclui uma série de convenções das Nações Unidas que o Estado assinou ao longo dos anos. O novo Código Penal do Vaticano adotou especificidades como lavagem de dinheiro, crimes sexuais, e de violação de confidencialidade e privacidade. A prisão perpétua foi abolida pelo papa Francisco, também em 2013, a pena máxima da Justiça do Vaticano é de 35 anos de prisão.
O porta-voz fez a declaração após a repercussão de uma reportagem detalhada sobre o caso Wesolowski no The New York Times, publicada neste final de semana. Segundo o porta-voz, o ex-arcebispo polonês, de 66 anos, já não tem imunidade e “pode também ser submetido a procedimentos judiciais dos tribunais que possam ter competência específica sobre ele”. Lombardi afirmou também que o papa Francisco, que prometeu tolerância zero contra os clérigos que abusam sexualmente de crianças, está acompanhando o caso Wesolowski com muito cuidado e quer que seja tratado “com justiça e rigor”.
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(Com agência Reuters)