Mubarak e seus filhos se declaram inocentes em tribunal
Julgamento foi adiado até dia 15; Mubarak espera em hospital perto do Cairo
O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak e seus filhos Alaa e Gamal, acusados de envolvimento na morte de manifestantes e de corrupção, se declararam inocentes no Tribunal Penal do Cairo que começou a julgá-los nesta quarta-feira. “Nego completamente as acusações”, declarou Mubarak, que compareceu ao tribunal em uma maca. Depois, foram seus filhos que tomaram a palavra para rejeitar as acusações.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, egípcios iniciaram, em janeiro, sua série de protestos exigindo a saída do então presidente Hosni Mubarak
- • Durante as manifestações, mais de 850 rebeldes morreram em choques com as forças de segurança de Mubarak que, junto a seus filhos, é acusado de abuso de poder e de premeditar essas mortes
- • Após 18 dias de levante popular, em 11 de fevereiro, o ditador cede à pressão e renuncia ao cargo, deixando Cairo
- • No lugar dele, assumiu um conselho militar que deve seguir governando o Egito até as eleições, marcadas para setembro
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Pouco depois, o presidente do tribunal, Ahmed Rafaat, determinou que o julgamento fosse adiado até o próximo dia 15 e que Mubarak fosse encaminhado a um hospital perto da capital Cairo até quando precise se apresentar à Justiça novamente.
O ex-ditador chegou à Academia de Polícia do Cairo cerca de duas horas antes, em meio a protestos e confrontos entre seus partidários e opositores. Em torno da sede do tribunal, centenas de pessoas com bandeiras egípcias esperavam a chegada do ex-governante e seus dois filhos.
O ex-líder egípcio entrou no prédio depois de deixar uma ambulância. Seu traslado teve início em um helicóptero que decolou da localidade de Sharm el-Sheikh, junto a costa do Mar Vermelho, onde estava internado desde 13 de abril. Os advogados do ex-presidente insistem que Mubarak, de 83 anos, está muito doente.
Confira a chegada de Mubarak ao tribunal no vídeo abaixo:
Acusações – A promotoria acusou Mubarak de ter concluído um acordo com o ex-ministro do Interior Habib el Adli, que também está no banco dos réus, para matar “de maneira premeditada” os manifestantes que, em janeiro e fevereiro, protestaram contra o regime no Cairo e em várias províncias egípcias. Segundo a Promotoria, Mubarak e Adli permitiram aos policiais disparar contra os manifestantes e atropelá-los com seus veículos, e não utilizaram seus poderes para proibir tais ações.
Além disso, Mubarak, como presidente do país, aceitou para ele e seus dois filhos cinco vilas e outras propriedades no valor de 6,5 milhões de dólares do empresário Hussein Salem, detido na Espanha, em troca de ceder terrenos privilegiados na localidade de Sharm el-Sheikh.
Outra das acusações que recaem sobre ele é a do suposto acordo com o ex-ministro de Petróleo Sameh Fahmi sobre a venda de gás a Israel, por um preço inferior ao valor real no mercado, por meio de uma companhia de Salem, que é julgado à revelia.
Aparição – O histórico julgamento representa a primeira aparição pública de Mubarak desde 10 de fevereiro, quando fez um discurso um dia antes de renunciar à Presidência do Egito, após 18 dias de protestos. O ex-mandatário e seus filhos podem enfrentar pena de morte se considerados culpados por planejar o ataque contra os participantes da revolta popular, na qual morreram mais de 850 pessoas.
O comparecimento de Mubarak diante do tribunal despertou dúvidas até o último momento, devido a seu delicado estado de saúde. O ex-mandatário estava internado em um hospital de Sharm el-Sheikh sob detenção cautelar desde que sofreu ataque cardíaco durante um dos interrogatórios judiciais.
(Com agência France-Presse e EFE)