Detroit elege primeiro prefeito branco em 40 anos
Democrata Mike Duggan terá a missão de tirar a cidade do buraco financeiro
A cidade de Detroit, Estados Unidos, elegeu na noite desta terça-feira o primeiro prefeito branco em quase 40 anos. Os eleitores da metrópole, onde os negros são 82% da população, escolheram o promotor e ex-diretor do Detroit Medical Center, Mike Duggan, de 55 anos, que é filiado ao partido Democrata. Com 100% das urnas apuradas, Duggan venceu com 55% dos votos, seu adversário, o xerife do condado de Wayne (e negro), Benny Napoleon, que ficou com 45%. Os resultados eleitorais mostraram um comparecimento baixo: apenas 134 000 dos 701 000 habitantes foram às urnas.
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Durante sua campanha, Duggan recebeu até o apoio de líderes locais do movimento Panteras Negras, que deixaram o revanchismo racial de lado e passaram a afirmar que o candidato democrata era a melhor opção para salvar a cidade. Detroit declarou neste ano a maior falência municipal da história do país. Desde que Coleman Young assumiu a prefeitura em janeiro de 1974, a cidade foi governada por cinco prefeitos negros. Entre as missões espinhosas de Duggan, ele terá de conseguir ajuda federal para que a cidade se recupere economicamente. Hoje, o município deve 18,5 bilhões de dólares.
Decadência – Conhecida como a “capital do automóvel”, por ser sede das grandes montadoras do país, Detroit está em queda livre desde os anos 1970. Após uma série de gestões incompetentes e corruptas, que foram finalmente agravadas pela crise financeira de 2008. Em julho deste ano, a cidade acabou declarando que era incapaz de pagar suas dívidas.
Desde os anos 50, a cidade perdeu 60% de sua população. Em 50, eram 1,8 milhões de habitantes, que diminuíram para 701 000 em 2012, segundo dados do Censo Americano. Somente entre 2000 e 2010, a cidade perdeu um quarto dos moradores. Dados oficiais mostram que 36,2% da população vive abaixo do nível de pobreza.
Os reflexos da decadência também são sentidos nos índices de criminalidade. A taxa de homicídios é de 54 por 100 000 habitantes, muito mais alta que a do Rio de Janeiro, que é de 23,1 por 100 000 habitantes, segundo dados do Mapa de Violência de 2011.