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Sem aula há 76 dias, alunos da rede pública da Bahia terão ‘aulão’ para 500 estudantes e ficarão sem férias de verão

Paralisação de professores é a mais longa da história da educação baiana e atinge quase 600.000 crianças e jovens

Por Lecticia Maggi
26 jun 2012, 09h14

Sem aulas há 76 dias devido a uma greve de professores, alunos do ensino fundamental e médio da rede estadual da Bahia não terão férias no fim de ano. “As férias certamente estão comprometidas. As aulas de reposição vão adentrar 2013”, afirma o secretário de Educação do estado, Osvaldo Barreto. A paralisação dos docentes, que teve início no dia 11 de abril, é a mais longa da história da educação baiana. O governo do petista Jaques Wagner afirma que, dos 417 municípios do estado, 117 estão sem aulas. A concentração é maior nas cidades de Salvador e Feira de Santana. Dos 1,1 milhão de alunos da rede pública estadual, cerca de 578.000 ainda permanecem sem aula e sem prazo de retomada.

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Como parte de um plano emergencial, cerca de 22.000 estudantes do 3º ano do ensino médio de Salvador voltaram às aulas nesta segunda-feira. A medida tem um único objetivo: tentar preparar esses alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcado para os dias 3 e 4 de novembro.

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Para isso, os alunos terão de se dirigir a unidades de ensino diferente das que costumam frequentar. Foram escolhidas 19 escolas na capital baiana para concentrar os estudantes – a lista dos locais está no site da Secretaria de Educação. Os professores também são outros: 545 docentes em estágio probatório (concursados, mas que ainda passam por um período de experiência) e 706 em Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) foram convocados para assumir as classes, já que os titulares seguem parados.

Nas demais cidades do estado, alunos seguem sem aula. Segundo o secretário estadual, é possível que um plano emergencial nos moldes do usado em Salvador seja adotado em Feira de Santana. Para alunos do ensino médio de outros municípios, assim como para os que cursam o ensino fundamental, não há prazo, e o retorno dependo do fim da greve.

Enquanto isso, estudantes do 3º ano do ensino médio devem se contentar com “aulões”. Voltados para grupos de 500 a 700 alunos, com quatro horas de duração e quatro professores por sala, os “aulões” irão ocorrer em 13 bairros de Salvador e em 11 cidades do estado. O governo promete 16 encontros, sendo o primeiro na próxima quarta-feira, na capital. Serão abordados 2 temas diferentes por aula, que podem ser das áreas de matemática, linguagens, ciências da natureza e ciências humanas. Márcio Haga, professor do cursinho do XV e de colégios particulares de São Paulo, vê com ressalvas a medida. “O ensino público brasileiro já é muito deficiente. Imaginemos, então, a situação desses alunos baianos, sem aulas há mais de dois meses”, diz.

Reivindicações – Os professores em greve reivindicam aumento de 22%, que teria sido acordado para janeiro deste ano. A última proposta do governo foi antecipar para novembro um aumento de 7% para os professores com licenciatura plena que passarem por cursos de qualificação e, mais 7%, em abril do próximo ano. Somando ao reajuste já concedido de 6,5% ao funcionalismo público, o ganho chegaria aos 22%.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia rejeitou a proposta, alegando que ela exclui aposentados e profissionais em estágio probatório. Há uma assembleia de docentes prevista para esta terça-feira, mas o presidente do sindicato, Rui Oliveira, adianta que as chances das atividades serem retomadas são pequenas. “É uma greve de resistência”, diz. Já o secretário de Educação baiano, Osvaldo Barreto, garante que não haverá mudança nas propostas. “É impossível, e os professores sabem disso. O que oferecemos é o que cabe no orçamento do estado”, diz.

A última reunião entre governo e representantes dos professores aconteceu no dia 4 de junho. Não há nova negociação agendada. No último dia 12, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu em favor do governo e suspendeu a liminar concedida pelo Tribunal de Justiça da Bahia que determinava o pagamento dos salários dos grevistas. Portanto, eles não recebem saláros há três meses.

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